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Autoridades gaúchas manifestam apoio ao cantor Seu Jorge, alvo de ofensas racistas em Porto Alegre

Autoridades gaúchas manifestam apoio ao cantor Seu Jorge, alvo de ofensas racistas em Porto Alegre
Foto: Reprodução.
19.10.2022 08h51  /  Postado por: Roger Amaral

Em meio à repercussão dos relatos de ofensas racistas ao cantor carioca Seu Jorge durante show em Porto Alegre, autoridades gaúchas se solidarizaram com o artista. O governador pediu desculpas diretamente ao músico, em telefonema nesta terça-feira (18), enquanto a secretária estadual da Cultura emitiu nota de repúdio e o prefeito da Capital postou mensagem nas redes sociais.

Falando em nome de todos os cidadãos do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Júnior conversou com o cantor durante mais de 15 minutos, à tarde. Antes, ele já havia declarado que a Polícia Civil está trabalhando para chegar aos responsáveis pela injúria racial, cometida em uma apresentação do músico no Grêmio Náutico União, na noite de sexta-feira (14).

A titular da pasta estadual da Cultura, Beatriz Araujo, publicou um texto cujos principais trechos dizem o seguinte: “Vivemos um momento muito difícil na história de nosso Estado, com dias de intolerância e desumanidade. São inaceitáveis as agressões sofridas por Seu Jorge, um dos maiores artistas brasileiros (…). Reafirmamos o compromisso com o combate ao preconceito e ao racismo estrutural em nosso território”.

Já o chefe do Executivo na capital gaúcha, Sebastião Melo, se manifestou por meio do Twitter: “Desembarquei há pouco em Porto Alegre [vindo de evento no Rio de Janeiro] (…) Reforço meu pleno repúdio a qualquer tipo de racismo, que é crime. Confiaremos na apuração policial dos fatos”.

Quem também se manifestou foi o ex-governador Eduardo Leite, candidato a um novo mandato neste segundo turno. Em vídeo no Instagram, ele lamentou o incidente:

“Minha solidariedade ao Seu Jorge, que respondeu à agressão sofrida com grandeza. Respeito e me somo à luta dele e à luta de todos aqueles que se insurgem contra o preconceito. Precisamos trabalhar mais ainda para combater a violência racial e avançarmos como sociedade”.

Investigação

Conforme a Delegacia de Combate à Intolerância, há um vídeo no qual se pode perceber pessoas chamando Seu Jorge de “macaco”, “negro vagabundo” e outros adjetivos de cunho claramente discriminatório e ofensivo, em represália de parte da plateia a uma fala do artista, ainda no palco, sobre questões político-sociais.

Também estão sendo ouvidas testemunhas e requisitados registros de câmeras internas do clube, localizado no bairro Moinhos de Vento. De acordo com relatos, o artista foi alvo de ofensas depois de chamar ao palco o cavaquinista Pedrinho da Serrinha, de 15 anos e também negro, para acompanhá-lo no bis.

Ao discursar sobre as mazelas sócio-econômicas enfrentadas no País pelos jovens afrodescendentes e se manifestar contra a redução da maioridade penal, o cantor teria sido hostilizado, abreviando então sua performance.

Após a repercussão do fato, a direção do clube que promoveu o show publicou nota oficial informando que o caso está sendo apurado internamente e prometeu responsabilizar os envolvidos se o crime for devidamente provado. O presidente do União, Paulo José Kolberg Bing, está na lista dos que prestarão depoimento.

Artista se manifesta

Na noite de segunda-feira (17), o músico de 52 anos postou nas redes sociais um vídeo de 9 minutos, no qual dá a sua versão sobre o caso. Sentado em um palco com a bandeira do Rio Grande do Sul projetada ao fundo, ele confirmou os xingamentos e repudiou o que considera “ódio gratuito” e “grosseria racista”.

Seu Jorge também questionou a ausência de negros entre os espectadores e agradeceu ao apoio recebido em todo o País, inclusive por parte de porto-alegrenses que repudiaram o incidente:

“Ao povo negro de toda a Região Sul, quero dizer que amo todos vocês, admiro e respeito. E digo também que estamos mais unidos do que nunca. Vamos vencer essa guerra que segrega nosso povo à miséria e à falta de oportunidades”.

*O Sul
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