Black Friday: alimentos e itens de higiene tomam espaço do celular
A Black Friday deste ano, marcada para a sexta-feira (26), terá a participação de segmentos da economia que costumavam ignorar a data. A pandemia de Covid-19 é responsável em parte pela mudança, impulsionada também pelo avanço da pobreza no país.
Os carros-chefe do período, os eletroeletrônicos, estão chegando caros ao Brasil por causa do dólar alto. Isso quando desembarcam por aqui, afinal também faltam insumos e peças para montar os produtos, em razão da redução das atividades da indústria chinesa, realidade imposta pelos protocolos de segurança contra o novo coronavírus.
Ao mesmo tempo, disparou a inflação, a população perdeu renda e o desemprego no Brasil segue em níveis muito altos.
Em uma busca na internet, percebe-se que as grandes marcas do comércio varejista nacional têm anúncios de alimentos e produtos de limpeza em promoção. As ofertas de celulares, tablets e eletrodomésticos, que antes reinavam praticamente sozinhas, agora dividem espaço com as de cestas básicas, chocolates, produtos de limpeza e peças de roupa.
“Há uma alteração no perfil da Black Friday ao longo dos anos”, diz a assessora econômica da Fecomércio-SP (Federação do Comércio de São Paulo), Kelly Carvalho.
“Ela era muito focada em eletroeletrônicos e eletrodomésticos, como ocorre nos Estados Unidos, mas as empresas começaram a ver no período a oportunidade de movimentar o caixa e se desfazer de estoques que sobravam do restante do ano.”
Kelly afirma ainda que os aparelhos eletroeletrônicos, depois que são comprados, demoram a ser substituídos, o que estimulou a entrada de outros nichos na disputa da atenção dos consumidores.
A assessora da Fecomércio-SP diz que o aumento da pobreza no país vai pôr no circuito produtos de primeira necessidade que antes não apareciam na Black Friday.
Praticamente todas as grandes redes de supermercados e lojas de departamentos aparecem com ofertas para cestas básicas.
A Casas Bahia tem em seu site oferta de cesta básica na Black Friday, com parcelamento em até 14 vezes sem juros com o cartão da marca ou em dez vezes com o de outras bandeiras.
O Mambo divulga, por meio do Mercado Livre, ofertas de até 50% no preço de alimentos congelados, açougue, laticínios e hortifrútis.
Com o preço do gás nas alturas, a Ultragaz promete desconto no botijão a partir de quarta-feira (24).
Pode ser também o momento de comprar remédios ou produtos de higiene pessoal. A Droga Raia corta até 70% dos valores, segundo seu site. A Drogasil diz que a linha de infantis pode sair pela metade do preço.
As lojas de vestuário brigam para ver quem anuncia os maiores descontos. A Dafiti afirma que alguns itens podem ser vendidos até 80% mais baratos. Marisa, Hering e C&A falam em 70%.
As roupas íntimas também ficarão mais em conta. A Duloren anuncia frete grátis e 40% off. A Loungerie promete sutiãs e calcinhas por até 60% menos.
A Loft, que trabalha com reformas e vendas de imóveis, também aderiu à data de promoções. Em seu site aparecem casas e apartamentos selecionados pela empresa com até 30% de desconto.
Ainda no ramo imobiliário, a construtora Gafisa divulga “descontos reais e entrada facilitada”.
O setor de automóveis, que tradicionalmente tem peso bem baixo nas negociações da data, também viu uma chance de reverter as perdas ocorridas durante a pandemia.
O site Webmotors faz o Black Feirão, com o anúncio de redução de preços e facilidades no financiamento em vários tipos de veículo, incluindo carros de luxo.
Entre eles há uma Ferrari 488 Spider, de 2019, por R$ 3.300.000. Apesar de o preço estar acima da tabela Fipe, haveria a vantagem da possibilidade de pagamento em várias parcelas e a da entrega do veículo em casa.
Fonte: R7
FOTO: REPRODUÇÃO/PEXELS