Plantio direto salvou agricultura no RS e agrônomo conta como prática chegou a Espumoso
O Rio Grande do Sul é o estado que possui maior número de produtores adeptos do sistema de plantio direto no País. A adesão ao sistema foi a saída encontrada pelos produtores para reverter a situação de degradação dos solos no Estado. Na década de 1970 o Rio Grande do Sul adotava totalmente a queimada e 100% do preparo de solo era feito de maneira convencional. O resultado foi um índice de degradação e erosão sem precedentes. Em 1979, o Estado inicia um projeto para reverter esta situação, através da pesquisa aplicada. Os objetivos eram parar de queimar palha; reduzir o preparo de solo, com introdução do escarificador e eliminação do arado e das notas; e introduzir o plantio das culturas de cobertura. O engenheiro agrônomo Danilo Benedeti, que atua na área há 40 anos, fala de como a prática começou na região de Espumoso.
A exemplo de muitas iniciativas, o projeto enfrentou resistências e dificuldades e depois teve ótima aceitação pelos agricultores, que sentiam-se impotentes diante dos graves problemas da degradação do solo. Em três anos, queimadas de palha foram praticamente eliminadas. Em 10 anos, o preparo conservacionista atingiu praticamente 70% da lavoura do Estado, um exemplo das culturas de cobertura. A redução da erosão, foi sentida de maneira drástica. Danilo Benedeti fala como foi a adaptação das semeadeiras para copiar a prática que já era bem difundida no Paraná.
Quando em 1990 o governo criou mais um grande projeto de plantio direto no Rio Grande do Sul, encontrou um agricultor já conscientizado da importância de um modelo agrícola conservacionista, e o Estado conseguiu então um grande salto de produtividade. Só na soja, que tem uma área plantada de cerca de 3 milhões de hectares (ha), os índices subiram de 1,5 mil kg / ha para cerca de 2,2 mil kg / ha, média conseguida nos anos bons de clima. Danilo explica há inúmeros componentes intrínsecos no plantio direto, que exige mudanças e gerenciamento constante por parte do produtor. É mais trabalhoso, mais complexo, mas por outro lado os resultados são melhores. Esta necessidade de avaliação e intervenção constante por parte do produtor faz com que o sistema nem sempre dê certo. Mesmo no Rio Grande do Sul, muitos agricultores ainda não adotam como coberturas corretas e há necessidade de melhorias no sistema de rotação. O desafio é combater a compactação do solo encerra.
FONTE: FOLHA DE LONDRINA