Demanda agressiva estimula altas de mais de 4% da soja na semana em Chicago
Os futuros da soja acumularam altas nas semana de mais de 4% entre as posições mais negociadas n e registram seis semanas consecutivas de avanço na Bolsa de Chicago. A posição janeiro passou de US$ 9,99 na última sexta-feira (11) para US$ 10,47 nesta sexta (18) e o março saltou de US$ 9,96 para US$ 10,38. O mercado foi rompendo todas as suas resistências e mudando também, ao longo dos dias, as análises gráficas para as cotações da oleaginosa.
“Agora, se rompermos os US$ 10,50, o mercado vai buscar os US$ 10,70”, explicou o diretor do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa, que destaca não só o comportamento dos futuros da soja na CBOT, mas também o comportamento dos fundos investidores, os quais carregam uma posição recorde em contratos comprados que supera os 250 mil. “A cada dia eles adicionam novas posições, novos lotes”, completa.
O que vem alimentando esses números recordes e as altas consecutivas dos preços é a demanda intensa da China no mercado dos EUA. As importações chinesas de produtos norte-americanos superam em cerca de 200% os dados do mesmo período do ano passado. Somente nesta semana, mais de 1 milhão de toneladas de soja foram vendidas e mais parte com destino a nação asiática.
Mais vendas de grãos foram reportadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta sexta-feira (18). Foram 210 mil toneladas de milho e 132 mil toneladas de soja para a China. Mais 100 mil toneladas de farelo de soja foram compradas por ‘destinos não revelados’. As vendas todas que são feitas no mesmo dia, para o mesmo destino e com volumes igual ou superior a 100 mil toneladas devem sempre ser informadas ao departamento.
Na análise de Marcos Araújo, analista de mercado da Agrinvest Commodities, a China ainda precisa comprar cerca de 8 milhões de toneladas de soja nos EUA até janeiro – com embarque até o mesmo mês diante de sua demanda muito forte. E a necessidade é bastante clara.
“O mercado fica sensível a isso, todo novo anúncio de venda dos EUA será compreendido como alta de preços até o mercado testar o nível de racionamento de demanda da China, que neste momento, com a atual margens nas carnes e a inflação de alimentos, vai muito longe ainda. E correndo por fora há o La Niña aqui para a América do Sul, que pega em cheio também a Argentina e há o Brasil muito vendido, o que não atrai os produtores para novas vendas. Acredito que o produtor só volta para a venda em novembro e, daqui até novembro, China comprando nos EUA é mercado em alta”, explica Araújo.
Ainda segundo analistas e consultores de mercado, os patamares mais altos nos vencimentos mais curtos em Chicago é um dos principais fatores que provam que há uma demanda muito forte pela soja norte-americana neste momento. E mais do que isso, que os produtores estão bastante reticentes em realizar novas vendas em volumes maiores.
Dessa forma, o mercado em Chicago exige monitoramento diário para que se entenda a continuidade dos movimentos dos fundos, da demanda no mercado americano e os impactos das preocupações com o clima no Brasil em seu início de plantio da safra 2020/21. Brasil e América do Sul. E todo esse quadro se torna ainda mais forte com o Brasil já tendo mais de 50% de sua nova temporada comprometida com a comercialização.
PRÊMIOS FORTES SÃO DESTAQUE DA SEMANA NO BRASIL
Todo este avanço da comercialização tem dado espaço para prêmios mais fortes no Brasil e este foi o destaque da semana no mercado nacional. Dados apurados pela Agrinvest mostram que para a nova safra os valores do lado dos vendedores, para posições entre fevereiro e agosto/21 variam de US$ 0,68 a US$ 1,02, e do lado dos compradores, de US$ 0,58 a US$ 0,95 por bushel acima dos valores praticados na Bolsa de Chicago. A força da demanda é tanta que até mesmo para a safra 2021/22 os valores são positivos.
Os negócios, porém, são pontuais agora no mercado brasileiro. Apesar dos preços recordes e bastante remuneradores, os produtores brasileiros estão focados no começo da semeadura da nova safra, principalmente diante da preocupação com a falta de chuvas. Os valores de referência para a soja disponível nos portos – que quase já não existe – se aproxima dos R$ 140,00, enquanto no interior há registros de até R$ 150,00. Para a safra nova, nos portos, preços acima dos R$ 120,00.
As incertezas, segundo relatos de analistas e consultores de mercado o atual quadro afastou os produtores de novas vendas. Os modelos de previsão estendida já indicam o retorno das chuvas para o Brasil Central, mas os volumes mais mais expressivos devem acontecer apenas no final do mês, segundo as previsões mais recentes do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).