Cabe ao presidente indicar o diretor-geral da PF, diz chefe da Federação dos Policiais Federais
Para o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Antônio de Araújo Boudens, a decisão sobre a nomeação do novo diretor-geral da Polícia Federal cabe ao presidente da república e é “inquestionável”.
Em entrevista ao Jornal da Manhã nesta segunda-feira (27), Boundens afirmou que a escolha para o cargo, “por lei, cabe ao presidente da república”, e que o nome de Alexandre Ramagem é bem visto na corporação.
Considerado como o favorito a assumir o cargo de diretor-geral após a exoneração de Maurício Valeixo, Ramagem é amigo pessoal dos filhos de Jair Bolsonaro, o que levantou críticas à possível escolha do presidente.
Entretanto, para Luís Antônio, a relação próxima do presidente com Ramagem não deve ser um impeditivo.
“O nome do Alexandre é bem aceito pelos integrantes da Polícia Federal. Infelizmente, a sociedade vendo essa relação próxima tem seus questionamentos. Por lei, o presidente tem a prerrogativa, só que relacionamentos pessoais, próximos, no âmbito de serviço público, sempre são vistos com desconfiança.”
Quem levantou a possibilidade de interferência política na corporação foi o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro. Em em coletiva de imprensa na sexta-feira (24), ele afirmou que a exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, aconteceu para que o chefe do Executivo tenha mais interferência política na corporação.
Entretanto, para Luís Antônio, dependendo do momento em que a mudança é feita, a escolha do diretor-geral “é considerada normal”.
“Eu entendi o relato do ex-ministro como sendo tentativas de interferência em que ele se viu como barreira. Eu entendo que uma interferência direta em alguma investigação deixaria uma exposição, um rastro e seria muito fácil de detectar. Para nós, escolha de diretor-geral cabe ao presidente da república e acho que isso é inquestionável. ”
Ainda de acordo com o presidente da Fenapef, o diretor-chefe na Polícia Federal não consegue interferir nas investigações porque o único momento em que ele participa é no fechamento das operações, quando as conclusões já foram finalizadas.
“Tudo isso é formatado por um grupo que é alheio as questões políticas e de gestão. Apenas naqueles momentos de fechamento das operações é que precisamos da gestão para dar as condições de logísticas. É o único momento que uma gestão participa efetivamente de uma operação, mas isso já no final quando as conclusões já foram feitas, investigação terminada. Não vejo possibilidade de alguém fazer um relato consistência que houve uma interferência.”
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Fonte: Jovem Pan