Aquecimento global e as causas da chuva acima da média no sudeste
A ausência de variações de temperatura no Oceano Atlântico e o aquecimento global explicam as fortes chuvas que atingiram a região sudeste do Brasil em fevereiro de 2020. Neste mês, as quatro capitais da região apresentaram índices de precipitações acima da média histórica.
Os destaques foram:
- São Paulo registrou o maior índice acumulado de chuvas em fevereiro desde o começo das medições do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em 1943;
- Rio teve o maior índice no mês desde 1996;
- Belo Horizonte teve a maior marca desde 2014;
- e Vitória também registrou valor acima da média, embora em fevereiro deste ano tenha tido menos chuvas que no mesmo mês em 2019.
A meteorologista Daniela Freitas explica que as temperaturas do oceano Atlântico deveriam variar entre quente e fria e, neste ano, não estão esquentando como o esperado. Em consequência das temperaturas mais baixas, as frentes frias que passam pelo litoral do Sudeste ficam estacionadas na região. Isso faz com que haja canalização de umidade na região, o que leva à formação de nuvens carregadas.
A falta de variação das temperaturas no oceano neste ano não decorre de fenômenos climáticos como El Niño ou La Niña, mas por condições que regularmente ocorrem.
Até a manhã desta terça-feira (3), 16 pessoas morreram em decorrência de fortes chuvas que atingiram o Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. O motivo das chuvas das últimas 24 horas é a soma dos fatores:
- Intensificação de ventos em médios níveis da atmosfera
- Formação de dois sistemas de baixa pressão
- Formação de sistema de alta pressão no oceano Atlântico
Para a cientista Márcia Zilli, que estuda o padrão de chuvas da região Sudeste com base em dados dos últimos 70 anos, o aquecimento global também é um dos fatores. O fenômeno, ao mesmo tempo em que diminui os períodos chuvosos, aumenta sua intensidade.
Fonte: G1
Foto: Romerito Pontes/Futura Press/Estadão Conteúdo