Ampliação da cobertura de coleta e tratamento de esgoto segue como desafio nacional
O forte odor desconcerta e incomoda. O caminhar tem que ser a passos lentos e cuidadosos, sobre madeiras improvisadas no chão. Embaixo, um buraco de praticamente 1 metro de diâmetro, aberto após uma proteção de concreto ter cedido. Ali, há mais de seis meses é possível ver uma densa água turva, mistura de lixo, resíduos, terra e, principalmente, do esgoto, vindo do encanamento improvisado de algumas dezenas de casebres. “Já pedimos providência, mas ninguém veio”, comenta Luiz Antônio da Cruz, morador do local, que diariamente precisa se equilibrar para entrar e sair da casa, uma vez que o buraco fica exatamente na frente.
Pode-se pensar que a situação ocorra em algum lugar de difícil acesso ou afastado do centro da cidade. Porém, a casa fica quase às margens da rua Voluntários da Pátria, na entrada de Porto Alegre, e no meio do caminho de duas obras milionárias: Arena do Grêmio e Nova Ponte do Guaíba.
Apesar de exemplificar uma situação precária, ela não é única. Luiz integra um grupo considerável da população brasileira que convive com a ausência de estrutura de esgoto. De acordo com a pesquisa mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 72,4 milhões de pessoas vivem em locais sem acesso à rede geral de coleta de esgoto. O levantamento aponta que 66,3% das casas estão diretamente conectadas à rede geral ou que contam com fossas ligadas. Apesar da média, há diferenças consideráveis entre as regiões, com uma piora nos índices dos estados do Norte e Nordeste, e melhora no Sul e Sudeste.
Os números, porém, representam apenas uma das facetas do panorama do saneamento básico no país. Para retratar toda a complexidade do problema, o Correio do Povo preparou uma matéria especial com relatos, números, fotos e vídeos. Para ler na íntegra, clique aqui ou sobre a imagem a seguir:
Fonte: Correio do Povo
Foto: Alina Souza