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Geral

Hospital improvisa incubadora com recipiente plástico para atender bebê em UTI neonatal

30.04.2019 08h00  /  Postado por: Luzia Camargo

Entre paredes com mofo e infiltrações e crianças internadas pelos corredores do Hospital Estadual de Santana, uma cena chama a atenção: uma recém-nascida, de apenas 900 gramas, é mantida viva com ajuda de uma incubadora improvisada de recipiente plástico na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal.

A cena é o retrato do que os profissionais do hospital fazem para tentar manter a saúde de prematuros e outras crianças com os recursos que têm disponíveis. O Governo do Estado do Amapá (GEA) afirma que investe em reformas estruturais e que demanda reforço de profissionais.

O flagrante foi feito durante uma vistoria dos conselhos regionais de Medicina (CRM) e de Enfermagem (Coren) do Amapá, na sexta-feira (26). Na fiscalização, as entidades identificaram mais de 80 irregularidades na unidade de saúde que funciona da região central do município que fica a 17 quilômetros de Macapá.

Na UTI neonatal do hospital, cinco bebês precisam de incubadora, mas só uma estava em pleno funcionamento na sexta-feira. Para tentar salvar as crianças, os médicos improvisam para garantir a respiração e temperatura dos bebês.

“O número de leitos é insuficiente. […] Isso é uma gambiarra. É muito frequente profissionais da saúde fazerem isso para a gente poder dar uma chance de vida àquele prematuro. Essas crianças precisam de atenção, precisam manter a temperatura, e sem isso, compromete o tratamento”, relata o presidente do CRM no Amapá, Eduardo Monteiro.

O Hospital Estadual de Santana é uma unidade que possui setores para atendimentos de urgência e emergência (pronto-socorro), laboratório, UTI e semi-intensiva adulto, UTI neonatal, e enfermarias adulto e infantil.

Além da situação do setor que atende as crianças prematuras, a vistoria apontou infiltrações, paredes com mofo, fiações elétricas expostas, folhas de compensado no lugar de janelas, torneiras danificadas, aparelhos quebrados e falta de remédios, equipamentos e de profissionais, entre outros.

Na pediatria, o setor com mais irregularidades, há superlotação com falta de leitos; e dois médicos e uma equipe reduzida de enfermeiros e técnicos que atendem, em média, 250 crianças no período de 24 horas.

“É ruim a situação. Não só pra mim, mas para todas as mães que estão aqui”, comentou a dona de casa Selma Viegas, que acompanhava o filho no hospital.

Por falta de leitos na enfermaria, 44 pacientes eram atendidos em cadeiras improvisadas e bancos de madeira pelos corredores na sexta-feira.

“Eu passei a noite com a criança no colo. Quem vai conseguir dormir num pau desses? Tá vendo como está esse banco? Tá horrível o banco, né? E a criança tem que ficar no banco”, relatou a diarista Railane Martins.

Problema dividido com a dona de casa Ariane Ribeiro, que está há dias com o filho de 11 meses internado com pneumonia.

“É muito ruim. É péssimo. Porque tem muita gente, muita criança aqui, muitas bactérias circulando aqui, aí meu filho pode contrair uma outra doença, além da que ele tem”, reclamou.

Enquanto os corredores estão lotados de crianças, o laboratório da unidade está quase vazio. Com equipamentos em falta, uma funcionária não identificada conta como os materiais descartáveis são reaproveitados.

“Esses aqui são os tubos de hemograma. A gente lava. Despreza o sangue e lava. Esse aqui tudo bem, que vai na estufa. Mas os coletores de urina, esses aqui, só são lavados com água sanitária e sabão porque eles não vão para a estufa porque são plástico. É reaproveitado. Não tem. O que a gente pode fazer?”, detalhou.

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