Vereador de Cachoeirinha é preso em operação contra facção envolvida em homicídios e tráfico
Ao menos duas pessoas foram presas, entre a madrugada e a manhã desta terça-feira (3), durante operação deflagrada pela Polícia Civil contra uma facção envolvida em tráfico de drogas, crimes violentos e jogos de azar em Porto Alegre e Região Metropolitana. A força-tarefa, batizada de “Cidade de Deus”, cumpre 82 ordens judiciais na Capital e em municípios como Gravataí, Cachoeirinha, Esteio, Guaíba, Portão, Tramandaí e Pelotas.
Entre os presos está Juca Soares, eleito vereador de Cachoeirinha pelo PSD. Ele é irmão de um dos líderes da quadrilha, tendo recebido mesadas dos criminosos ao longo dos anos. Além disso, o político usava a sua influência na organização criminosa contra possíveis rivais, especialmente durante períodos eleitorais. O próprio parlamentar tem antecedentes criminais, inclusive por introduzir celulares no sistema carcerário.
O envolvimento do crime organizado no pleito que elegeu Juca já era investigado pelo Ministério Público Federal (MPF). Cerca de 250 agentes, em 60 viaturas, estão mobilizados. 18 criminosos, que já estão detidos, foram alvo de novos mandados de prisão. Segundo a polícia, as investigações começaram em julho do ano passado, a partir de uma colaboração premiada que identificou 79 membros da quadrilha.
Núcleos
Os criminosos se dividiam hierarquicamente e atuavam com atividades bem definidas em três núcleos diferentes. A primeira divisão era especializada em crimes violentos e tráfico de drogas. Neste caso, os executores dos homicídios recebiam como “prêmio” os pontos de venda de drogas, que passavam a administrar. Além disso, tinham facilidade para aquisição de armas e drogas mais lucrativas.
Já o segundo núcleo atuava em jogos de azar, especialmente bingos e máquinas de caça-níquel. A atividade é considerada, pelas autoridades, como tão lucrativa quanto o tráfico – tendo a vantagem de ser menos violenta. Antigos chefes dos jogos de azar, no Sul do Estado, teriam sido obrigados a dividir lucros com a facção – e os que resistiram tiveram os seus pontos tomados com uso de violência e ameaças.
Por fim, os policiais descobriram também a existência do referido núcleo político. A ideia era infiltrar integrantes do grupo no Poder Público, para que defendessem os seus interesses. Além da pressão exercida sobre os opositores, marcada por ameaças e atos de violência física, a facção costumava prometer favores a eleitores de comunidades carentes da região em troca de votos.
Fonte: Rádio Guaíba