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Como apreensão de celular em prisão de alta segurança deu início à investigação sobre grupo que movimentou R$ 600 milhões em cinco anos

Um celular escondido em um buraco dentro de uma das celas da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) foi o ponto de partida das investigações que culminaram na Operação Magnus, desencadeada nesta terça-feira (19). A revista que encontrou o telefone ocorreu em setembro do ano passado.

O apenado que estava com o aparelho foi identificado como William Fernandes Carvalho, mais conhecido pelos apelidos de Boneca ou Barbie. De acordo com a polícia, as penas dele, somadas, ultrapassam 200 anos de condenação, dos quais ele já cumpriu pouco mais de sete.

A investigação apurou que Carvalho é um dos principais aliados de Jackson Peixoto Rodrigues, o Nego Jackson, homem apontado como líder do tráfico de drogas na região da Vila Jardim, na zona leste de Porto Alegre.

A partir da apreensão do celular, a Polícia Civil obteve autorização judicial para análise e extração dos dados. Assim, obteve informações sobre o dia a dia das atividades do grupo criminoso, além da identificação, hierarquização dos integrantes e a forma como as pessoas auxiliavam a facção.

Em um dos áudios armazenados no celular, o investigado diz a um outro integrante do grupo:

— O xadrez é o método da guerra, é o método da vida. O que a gente faz? Hoje a gente não é peão, entendeu? A gente é as torres e a gente defende o rei, entendeu?

Para a polícia, o diálogo torna claro a existência de um líder da organização, que seria defendido e blindado pelos demais integrantes do grupo. A polícia apurou que Boneca e Nego Jackson são acusados de terem praticado mais de 40 homicídios, sendo 13 deles em conjunto.

Segundo a polícia, Boneca orgulha-se do fato de ter sido um dos mais jovens a ter ingressado no sistema penitenciário federal, tendo sido transferido em 28 de agosto de 2018, quando tinha apenas 24 anos. Desde que retornou para o RS, ele permanece recolhido na Pasc.

Foi identificado que nos últimos cinco anos, o grupo movimentou, por meio de diversas contas correntes, mais de R$ 600 milhões. Na manhã desta terça, a 5ª Delegacia de Homicídios, com apoio da Brigada Militar, cumpriu 66 ordens judiciais. Dentre as medidas, foram 21 mandados de busca e apreensão cumpridos em Porto Alegre, Gravataí, Viamão, Cachoeirinha, Guaíba, Sapiranga e Torres e o bloqueio judicial de 15 contas bancárias.

Os alvos da operação, conforme a polícia, são integrantes do núcleo gerencial e familiar de Boneca. A polícia afirma que eles têm recebido carros, joias e dinheiro do tráfico de drogas e demais crimes explorados pela facção.

— A operação é uma primeira etapa. Focamos em pessoas próximas à liderança, como familiares. Em um outro inquérito estamos investigando onde todo esse dinheiro movimentado pelo grupo era investido — diz o delegado Gabriel Lourenço.

Uma pessoa foi presa em flagrante no bairro Hípica, na zona sul de Porto Alegre. Com o suspeito havia duas armas e drogas. A operação apreendeu também um carro, joias e outros objetos.

O nome da operação faz referência a Magnus Carlsen, considerado o maior jogador de xadrez da história, capaz de pensar 20 jogadas à frente de seus adversários. A polícia destaca que as investigações seguem em andamento.

Fonte: GZH

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