Sócios em revenda de carros no Pará são presos após receberem valores de gaúchos suspeitos de tráfico
Em uma operação realizada no Rio Grande do Sul, Pará e São Paulo, a Polícia Civil prendeu na manhã desta terça-feira (12) em Belém dois empresários paraenses. Conforme a investigação, eles receberam valores, por meio de depósitos bancários, de suspeitos de atuarem com tráfico de drogas na região da Campanha. Um terceiro empresário, que havia sido considerado foragido, foi localizado por volta de 10h em Imperatriz, no Maranhão.
Os três são sócios em cinco empresas. Uma delas, uma revenda de veículos, é investigada por ser usada para fazer lavagem de dinheiro para uma facção paulista. A organização de São Paulo, segundo a polícia, fornece drogas para o grupo gaúcho e recebe os valores por meio de repasses financeiros a empresários que são usados como laranjas.
Segundo a apuração, os suspeitos de tráfico no RS também fizeram depósitos para uma construtora de Ribeirão Preto, no interior paulista. O local foi alvo de buscas durante a operação desta terça.
O titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Bagé, delegado Cristiano Ritta, apurou que traficantes do município pagavam pela droga por meio de depósitos em várias contas bancárias, entre elas, a da revenda paraense e da construtora paulista.
Em São Paulo, houve o cumprimento de dois mandados de busca em Ribeirão Preto. No Pará, houve 10 mandados de busca e três de prisão temporária, sendo que um dos suspeitos foi localizado no Maranhão.
No Rio Grande do Sul, houve 10 mandados de busca em Porto Alegre. Ritta diz que policiais gaúchos receberam apoio de agentes dos outros três Estados. Em Belém, com os sócios da revenda, foram apreendidos 19 mil euros, US$ 14,6 mil e duas pepitas de ouro, cujo valor ainda não foi contabilizado. Além disso, foram recolhidos quatro veículos de luxo, sendo duas BMW — uma delas elétrica.
Como funciona
Ritta destaca que a droga vendida pelo grupo criminoso de Bagé é enviada pela facção do Vale do Sinos. Esta, segundo o delegado, recebe o entorpecente do grupo paulista, que cobra pela distribuição por meio de depósitos bancários em nome de vários laranjas. São empresários que emprestam suas contas para a organização de São Paulo.
Ao devolver o dinheiro para a facção, um ou mais meses depois, os empresários recebem um percentual do valor enviado. O delegado, em uma segunda fase da apuração, vai verificar se o grupo gaúcho depositou dinheiro em nome de outras empresas.
Os sócios paraenses, por exemplo, além da revenda, possuem farmácia, pet shop, produtora de eventos e uma loja de informática. Todas em Belém.
— Suspeitamos que houve repasses para estas outras empresas também, e não só dos traficantes de Bagé. Mas isso segue em investigação — diz Ritta.
A polícia gaúcha apura que estes empresários paraenses detidos temporariamente movimentaram cerca de R$ 150 milhões em apenas um ano. O nome dos presos e das empresas no Pará, assim como o nome da empresa de Ribeirão Preto, não foram divulgados.
GZH