Hospitais podem suspender atendimentos a usuários do IPE Saúde
A Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Rio Grande do Sul e a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (Fehosul) decidiram notificar o Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (IPE Saúde) sobre a possibilidade de rescindir o contrato com a autarquia estadual. Conforme as entidades, a medida pode suspender os atendimentos hospitalares aos usuários do IPE. “Problemas históricos na gestão do IPE, agravados por constantes atrasos nos pagamentos” levaram as representações a emitir a advertência.
A falta de reajustes, mesmo com o aumento da inflação, e a “imposição de uma Tabela Própria de Remuneração sem o devido debate com os prestadores” também são criticadas pelas casas de saúde. Isso causa, na visão das entidades, impacto financeiro “insustentável” para ao menos 40 hospitais que assinaram a medida – considerados os principais que atendem os pacientes do IPE Saúde. Os atrasos vêm obrigando os hospitais a realizar “custosos empréstimos bancários para honrar os seus compromissos”, segundo as entidaes.
Nessa quarta-feira, Fehosul e a Federação das Santas Casas protocolaram, no IPE Saúde, um documento que pede, entre outras providências, a suspensão da tabela e a elaboração de calendário de pagamentos referentes aos valores em atraso por parte da autarquia. Os hospitais dizem que, em caso contrário, darão “aviso prévio da rescisão”. O assunto também chegou à Assembleia Legislativa, por meio de uma reunião que ocorre na próxima terça-feira, articulada pelo presidente Valdeci Oliveira (PT). Nela, estarão presentes a direção do IPE, representantes da Casa Civil e líderes de bancadas da Assembleia.
Em nota, o IPE Saúde disse que “vem adotando medidas de reestruturação compatíveis à necessidade de sustentabilidade financeira que deve nortear toda boa gestão”. Garante ainda que está “sensível às demandas, mas que é necessário adotar medidas relevantes que sinalizem a construção de um cenário favorável à transformação”. O Instituto também alega que os estudos técnicos são pautados “pela transparência e diálogo”, e que “avanços importantes” já ocorreram. A autarquia finaliza dizendo que um “plano de reequilíbrio econômico-financeiro” vai permitir o “equacionamento do passivo histórico”.
Sobre a tabela própria, o IPE Saúde, hoje com quase um milhão de usuários no Rio Grande do Sul, pondera ter sido elaborada a partir de critérios técnicos e transparentes”, e que uma ação do Ministério Público havia apontado discrepâncias sobre os preços pagos em determinados insumos pelo órgão. Quanto às alterações em medicamentos da área oncológica, o IPE lembra que pessoas indicadas por ambas as federações auxiliaram no processo.
Fonte: Rádio Guaíba