Expodireto Cotrijal: Fórum Nacional da Soja discute desafios e novos mercados
A estiagem, as consequências da guerra Rússia x Ucrânia e as novas possibilidades de negócios foram alguns dos assuntos abordados pelos especialistas no 32º Fórum Nacional da Soja, na manhã desta terça-feira (8), na 22ª Expodireto Cotrijal. O evento teve participação presencial, no auditório central do parque, e neste ano trouxe como novidade a possibilidade de acompanhar a programação de forma online, ao vivo, através da plataforma Expodireto Digital, para quem adquiriu ingresso antecipado.
O diretor do Instituto Ciência e Fé e pesquisador da Embrapa Territorial, Evaristo Eduardo de Miranda, abriu o fórum com a palestra “A sustentabilidade da agropecuária frente as incertezas climáticas”. Miranda ressaltou que, em cinco décadas, o Brasil foi capaz de criar um modelo sustentável e competitivo de agricultura tropical, sem paralelo no mundo. O plantio direto e a fixação biológica de nitrogênio no solo estão entre as técnicas utilizadas que produziram o avanço.
“Poupamos desmatamento com crescimento vertical (na agricultura)”, disse Miranda.
Ao abordar a adaptação da agropecuária às incertezas climáticas, o pesquisador explicou que não há tecnologia que funcione sempre e em qualquer condição (territorial).
“A irrigação precisa ser colocada como destaque. É o que garante qualidade e padrão de produção. Agora, as dificuldades enfrentadas com intervenção do Ministério Público e órgãos ambientais para os produtores armazenarem água são dramáticas. Não é só falta de recurso. Quem tem recurso encontra dificuldades enormes. Isso precisa ser colocado em debate. Tem que haver mudanças”, disse Miranda.
Foco na África e na Índia
O professor sênior de agronegócio global do Insper e coordenador do Centro Insper Agro Global, Marcos Sawaya Jank, ministrou a palestra “A inserção global do agronegócio brasileiro em tempos turbulentos (guerra Ucrânia x Rússia)”. Jank afirmou que os futuros clientes da soja brasileira são África e Índia, regiões onde haverá um aumento de população.
“Deveríamos estar preocupados com o que está sendo falado com os chineses, indianos e africanos. Esses serão os grandes clientes do futuro”, disse o professor.
Jank também ressaltou que a grande revolução que o Brasil realiza, atualmente, é a integração lavoura-pecuária. A técnica permitirá o crescimento da agricultura em áreas de pasto.
Por outro lado, o professor aponta que a Rússia tem condições de ser o grande concorrente do país no futuro, já que possui energia barata e reservas de gás natural e petróleo, fatores essenciais para a produção de fertilizantes. Além disso, existe a possibilidade pós-guerra de os russos controlarem a produção agrícola da Ucrânia, quarto maior exportador mundial de soja e milho e quinto maior exportador de trigo.
Em relação aos preços agropecuários, Jank listou como fatores de crescimento o aumento da demanda global, especialmente, na Ásia e China; preços internacionais ainda em alta; estoques mundiais baixos; e desvalorização cambial (R$/dólar). Em relação aos fatores de risco, o professor apontou a inflação de alimentos no mercado; perda do poder aquisitivo da população brasileira pós-covid; forte aumento no preço de insumos (fertilizantes e defensivos) e riscos reais de desabastecimento; e a dificuldade de reposição de máquinas e equipamentos.