Rádio Planetário FM 91.5

Via-crúcis de criança que morreu à espera de atendimento em saúde vira caso policial

Virou caso de polícia o drama da menina Betina Bessa Mendes, que morreu aos dois anos e 10 meses de vida, no dia 1º deste mês. Ela sofreu um choque séptico, após seus pais peregrinarem por seis dias entre unidades de saúde, à espera do atendimento médico correto.

O caso aconteceu em Cruz Alta. Betina teve uma gastroenterite, que evoluiu para septicemia (quando uma bactéria infecta a corrente sanguínea). O resultado foi infiltração de líquido nos pulmões, falência renal e necessidade de hemodiálise.

Mas até esse diagnóstico ser dado transcorreram seis dias, relata o advogado Bira Teixeira, que atua em nome da família de Betina. Ele prepara uma ação cível de indenização pela morte da menina e também acompanha o inquérito criminal aberto para investigar o caso.

A via-crúcis de Betina começou com diarreia e vômito. Ela foi medicada numa Unidade de Pronto Atendimento (UPA), voltou para casa, não melhorou. Retornou à UPA duas outras vezes. Numa delas, permaneceu 36 horas, com os pais reclamando que era caso grave.

Até que a menina foi internada num hospital de Cruz Alta. Mas aí a gravidade tinha aumentado, e Betina necessitava de UTI Pediátrica para fazer um procedimento (colocação de um cateter profundo).

O hospital não tinha UTI Pediátrica. Foi acionada a Central de Leitos do Estado, que tentou vaga em vários hospitais de todo o Rio Grande do Sul. Até o Judiciário despachou, na madrugada, uma ordem para internação de Betina em uma UTI.

A ordem chegou tarde. Betina faleceu na tarde do primeiro dia do ano de 2022, com o sangue tomado por infecção. O colunista Humberto Trezzi questionou o governo estadual sobre demora na transferência. A Secretaria Estadual de Saúde diz que recebeu o pedido de vaga na UTI um dia antes da morte da menina. Não dispunha, naquele 31 de dezembro, de equipe multidisciplinar para diálise, cirurgia pediátrica e nefrologia. Isso só foi conseguido dia 1º, no dia em que Betina faleceu.

O advogado Bira Teixeira é taxativo:

— Os governos, sejam municipal ou estadual, negaram à Betina o direito de viver. Vamos atrás de Justiça.

 

Fonte: GZH

 

Sair da versão mobile