Após descartar a prescrição médica para vacinação infantil, o Ministério da Saúde anunciou, nesta quarta-feira, a previsão de chegada das primeiras doses da vacina da Pfizer destinadas para crianças de 5 a 11 anos no Brasil. A pasta estima que 3,7 milhões de doses devem desembarcar em três voos diferentes, cada um deles carregando 1,248 milhão de aplicações, nos dias 13, 20 e 27 de janeiro.
“Quero me dirigir aos pais e mães dessa grande nação para dizer-lhes a todos que quiserem vacinar seus filhos: o Ministério da Saúde vai garantir doses da vacina. E cuidará para que as normas que foram sugeridas ou recomendadas pela Anvisa sejam aplicadas”, afirmou o ministro Marcelo Queiroga em entrevista coletiva.
O governo contratou mais de 20 milhões de doses da vacina da Pfizer, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser aplicada no público infantil. Os imunizantes devem estar à disposição até o fim do primeiro trimestre do ano.
Intervalo de dois meses
Quando a Anvisa aprovou o uso do imunizante em crianças, a recomendação foi de que o intervalo entre as duas doses fosse de três semanas. Segundo a secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite, esse período foi ampliado para dois meses, entre a primeira e a segunda aplicação, para possibilitar uma maior produção de anticorpos neutralizantes. “Estudos em adultos demonstraram que em um intervalo maior que 3 semanas há maior produção de anticorpos neutralizantes. Temos um benefício maior. E se não estamos em um cenário onde haja necessidade premente de se completar esquema primário, é melhor que esse intervalo se amplie e não seja de 21 dias. Isso serve tanto para adultos como para crianças”, explicou Rosana.
O recuo do ministério em relação à obrigatoriedade da prescrição médica tem relação com os resultados da consulta pública sobre a vacinação de crianças feita no site da pasta entre os dias 23 de dezembro e 2 de janeiro. A maioria das 99.309 pessoas que participaram do questionário foram contra a exigência da prescrição.
Agora, a receita médica para que crianças se vacinem contra a Covid-19 será tratada como uma recomendação. “Imprescindível que os pais, mães, responsáveis, consultem um médico antes de irem tomar essa vacina. Essa preocupação existe porque a criança está em pleno desenvolvimento. É importante essa informação”, afirmou Rosana.
Prioridades
A secretária explicou que as crianças de 5 a 11 anos só poderão ser vacinadas na presença de pais ou responsáveis. Na ausência destes, a aplicação da vacina só poderá ser feita através de um termo de assentimento. “A criança está em pleno desenvolvimento e o cuidado neste público tem que ser maior”, destacou.
De acordo com secretária, a vacinação seguirá uma ordem de prioridade, como ocorreu no ano passado com os adultos, quando teve o início da imunização no País. Serão priorizadas crianças de cinco a 11 anos com deficiência permanente ou com comorbidades; crianças indígenas e quilombolas e crianças que moram com pessoas que possuem alto risco para contaminação da Covid-19.
Em seguida, a vacinação será ampliada para crianças sem comorbidades, seguindo a ordem decrescente de idades: 10 a 11 anos; oito a nove anos; seis a sete anos e cinco anos. A decisão, no entanto, fica a cargo dos entes federados. “Isso vai ser decidido pela ponta. A parte do município que vai definir como vai fazer essa imunização”, disse Rosana.
Obrigatoriedade
O ministério também reforçou que a vacinação contra a Covid-19 não será obrigatória, recomendação diferenciada em relação a outras imunizações infantis previstas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI). Caberá aos pais ou responsáveis dar o aval para a aplicação.
“A distribuição de mais de 400 milhões de doses mostra o compromisso do governo federal em prover vacinas para que a população brasileira possa livremente buscar essas políticas públicas nas nossas salas de vacinação”, afirmou Queiroga.
Fonte: R7