Julgamento da Kiss não deve se estender até o Natal, diz membro do TJRS
O presidente do Conselho de Comunicação do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Antonio Vinicius Amaro da Silveira, afirmou nesta sexta-feira que o julgamento do caso da Boate Kiss não deve se estender até o Natal. Em entrevista, pouco antes do recomeço do julgamento, ele acredita que as sessões devem “fluir” mais a partir de agora. “Não deve se estender até o Natal, mas se acontecer, em tese, seguirá sem pausa”, disse.
Do lado de fora do local onde ocorre o julgamento, foi posto um banner com o rosto e o nome das vítimas no portão do Foro Central de Porto Alegre. Os registros estão ao lado de um cartaz pedindo ajuda para as famílias e sobreviventes da tragédia poderem se manter durante o julgamento na Capital.
A expectativa é que nesta sexta sejam ouvidas outras três pessoas, sendo eles: Gianderson Machado da Silva, Pedrinho Antônio Bortoluzzi (arrolada pela defesa de Marcelo) e a vítima Érico Paulus Garcia.
Depoimentos dessa quinta-feira
Na quinta-feira, foram ouvidas quatro pessoas. Emanuel Pastl relatou não ter visto luzes de emergência, extintores e alarme de incêndio na boate. A testemunha contou que morava em Porto Alegre e aquela havia sido a primeira festa na qual ele tinha comparecido em Santa Maria, a convite do irmão, aluno na Universidade Federal do município. Conforme Pastl, eles estavam próximos do bar e da saída de emergência quando o incêndio começou. Inicialmente, acreditou ser um princípio de tumulto, mas logo percebeu a presença de fumaça cinza subindo. Antes das luzes e do som se desligarem, o grupo começou a se dirigir à porta.
A segunda depoente, Jéssica Montardo Rosado, ficou muito nervosa e precisou de atendimento médico durante o júri. A vítima, que estava na Kiss no momento do incêndio, chorou várias vezes ao relembrar a morte do irmão, Vinícius Montardo Rosado, de 26 anos. Segundo Jéssica, o familiar conseguiu ajudar mais de dez pessoas a sair da boate. “Meu irmão é a melhor coisa que tive na vida, que tenho ainda”, disse. “Ele tinha muitos amigos lá dentro. Ele jamais viraria as costas. Acho que no pensamento dele, eu ainda estava lá dentro. O Vinícius sempre foi solidário. Eu não perdi um irmão, eu ganhei um irmão por 26 anos. Ele jamais seria o mesmo se tivesse voltado pra casa”, acrescentou.
Primeira testemunha de acusação, o engenheiro Miguel Ângelo Teixeira Pedroso, coronel do Exército da reserva, foi o responsável pelo projeto do isolamento acústico da casa noturna. Entre as perguntas, o profissional destacou que em nenhum momento sugeriu ou recomendou o uso de espuma na boate Kiss.
O último a depor foi avítima Lucas Cauduro. Ele falou sobre o instante em que percebeu o incêndio. “Não é uma explosão. Fez um outro barulho. Quando vi aquela nuvem preta muito densa, olhei para o outro DJ e disse: vamos sair daqui”, afirmou.
*Com informações dos repórteres André Malinoski, Henrique Massaro, Lou Cardoso e Paulo Tavares – Correio do Povo