A proposta da SBP apresentada ao governo federal é de incorporar de 2 mil a 3 mil pediatras nas 18 mil vagas do Programa Médicos Pelo Brasil. “As políticas de assistência à saúde infantojuvenil ainda são embrionárias e, por isso, as crianças e adolescentes continuam a morrer aos milhares em decorrência de agravos para os quais há tratamento, como doenças parasitárias, falta de assistência na hora do parto e infecções virais”, argumenta a presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva.
De acordo com o levantamento, entre 2010 e 2020, foram registradas mais de 28,6 milhões internações no SUS na faixa da população pediátrica, uma média de 2,6 milhões de atendimentos do tipo ao ano. Os principais motivos para a ocupação dos leitos foram as doenças relacionadas ao aparelho respiratório (21%), seguido ao atendimento relacionado ao parto e puerpério (20%), doenças infecciosas e parasitárias (12%), doenças vinculadas ao período perinatal (10%) e causas externas (8%).
“O alto volume de internações por causa de doenças respiratórias e relacionadas ao parto e ao puerpério sugere a fragilidade da rede de Atenção Básica, que poderia fazer o diagnóstico dos problemas e encaminhar para tratamento antes das complicações se imporem”, diz a representação da SBP ao Ministério da Saúde. A instituição defende, ainda, a inclusão de um médico pediatra para cada quatro ou seis equipes de Saúde da Família (ESF), o que representaria de 3 a 4 mil novos postos.
A entidade sustenta que não faltam médicos qualificados para atuar na área. De acordo com a Demografia Médica 2018, do Conselho Federal de Medicina (CFM), o Brasil tem alta densidade de pediatras, uma média de 20,8 especialistas por grupo de 100 mil habitantes.
O índice, segundo a SBP, é comparável ao de países europeus com maiores taxas de desenvolvimento socioeconômico. No Maranhão, por exemplo, a densidade é de 7,4/100 mil, mas o percentual é comparável ao de países como o Canadá e a Austrália. “Apesar da existência de recursos humanos qualificados e capacitados, a presença de pediatras no SUS ainda é baixa, o que se traduz no número insuficiente de consultas em puericultura”, argumenta a sociedade.
A falta de atendimento adequado pode ser observada pelo alto número de mortes de doenças não diagnosticadas. De 1999 a 2018, os achados anormais (não especificados) em exames clínicos e laboratoriais representaram a quinta maior causa de óbitos em crianças e adolescentes, somando 105,4 mil perdas. “São mortes sem diagnóstico, que poderiam ser evitadas com o acompanhamento regular realizado por profissionais especializados na saúde infantojuvenil”, destaca a pediatra Luciana.
Fonte: Correio do Povo