Quadrilha que teve 25 integrantes mortos em MG tem relação com assaltos a bancos em outros estados, diz Bope
A polícia confirmou neste domingo (31) que os 25 homens mortos em uma ação contra uma quadrilha especializada em assalto a bancos têm relação com crimes cometidos contra instituições financeiras em Uberaba (MG), Araçatuba (SP) e Criciúma (SC). Conforme a polícia, a quadrilha se preparava para atacar um centro de distribuição de valores do Banco do Brasil em Varginha (MG). Um vídeo divulgado pela PM mostra o armamento “de guerra” que foi apreendido com a quadrilha.
“Eu acredito pela assinatura, pelo planejamento deles, que possa ser a mesma quadrilha que tenha operado em Uberaba MG), Criciúma (SP) e Araçatuba (SP), pela quantidade de agentes, veículos utilizados. Um aspecto que chama atenção é que na ocorrência de Araçatuba, os veículos foram pintados de preto e o comboio era feito com os pisca alertas ligados, um dos veículos nessa ação ele já estava sendo pintado com tinta preto e foram encontrados em um sítio vários sprays de tinta preta, ou seja, muito parecido com a última ação”, disse o comandante do Batalhão de Operações Especias (Bope), tenente-coronel Rodolfo César Morotti Fernandes.
Conforme a Polícia Militar, desde a manhã de sábado (30), informações davam conta de movimentações estranhas e de um possível ataque a instituições financeiras em Varginha. O Bope foi acionado durante a noite e em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal, houve a abordagem ao grupo durante a madrugada deste domingo.
Ainda conforme o Bope, alguns dos suspeitos chegaram a ser socorridos com vida, mas não resistiram. Nenhum policial ou civil ficou ferido na ação.
“Infelizmente 25 criminosos que partiram para o confronto acabaram perdendo a vida, mas eu prefiro que eles percam a vida do que alguns dos nossos policiais. A ideia era fazer a prisão dos indivíduos, porém a partir do momento que eles notaram a presença dos policiais, eles partiram para o confronto e aí justifica-se a importância dos grupamentos especializados”, disse Aristides Júnior, chefe da comunicação da Polícia Rodoviária Federal em Minas Gerais.
É uma ação de guerra. Eles utilizaram armamentos de guerra, que derrubam até aeronaves, muita gasolina, explosivos ou seja, a ideia era fazer uma grande ação aqui em Varginha ou na região e que poderia ter números desastrosos, como já presenciamos em operações anteriores”, Inspetor Aristides Júnior, da PRF.
“Graças à inteligência nós conseguimos antecipar essa ação criminosa, que se tivesse sido levada a efeito, com certeza teríamos muitos danos colaterais, danos materiais e vidas perdidas na cidade de Varginha”, disse o comandante do Bope.
A identidade dos homens mortos na ação ainda não foi divulgada. Conforme o comandante do Bope, as características da quadrilham levam a crer que o grupo seja o mesmo que executou grandes assaltos nos últimos meses no país.
“O Criminoso ele por vezes deixa uma assinatura, seja o modus operandis, o modo dele de agir, o planejamento, a característica dos veículos. No caso ali nós podemos citar as vestes e calçados táticos, coletes, o calibre do armamento utilizado, e inclusive nos explosivos apreendidos em um dos sítios. A nossa equipe de esquadrão antibombas conseguiu localizar essa assinatura nos explosivos, ou seja, a forma de produção dos metalons, a chapa utilizada, o cordel detonante utilizado, isso tudo indica ser a mesma quadrilha”, disse o comandante do Bope.
Operação e confronto
A operação conjunta entre Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) resultou na morte de 25 suspeitos de pertencerem a uma quadrilha roubos a bancos neste domingo (31) em Varginha (MG). De acordo com a PM, os suspeitos seriam especialistas neste tipo de crime.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, os confrontos com os homens ocorreram em dois sítios diferentes localizados em duas saídas da cidade. Na primeira, os suspeitos atacaram as equipes da PRF e da PM, sendo que 18 criminosos morreram no local. Em uma segunda chácara, conforme a PRF, foi encontrada outra parte da quadrilha e neste local, após intensa troca de tiros, sete suspeitos morreram.
Ao todo foram apreendidas 26 armas, dois adaptadores, 5.059 munições, 116 carregadores, capacetes à prova de balas, explosivos diversos, 12 coletes balísticos, sete rádios comunicadores, 12 galões de gasolina de 18 litros cada e quatro galões de diesel de 100 litros cada. Entre as armas, havia um ponto 50, além de fuzis e granadas. Pelo menos 12 veículos roubados que estavam com a quadrilha foram recuperados.
A Polícia Militar de Varginha revelou que os suspeitos haviam alugado um sítio na região do bairro rural da Flora para ficarem perto do Batalhão da PM e assim realizarem a ação.
“Foi uma operação conjunta PRF e PM, que resultou em uma apreensão de forte armamento, um grande número de armas de fogo, além também de explosivos, coletes balísticos que eram utilizados por esses infratores. O que temos até agora é que houve essa grande apreensão em que vários criminosos estão sendo socorridos”, explicou a capitão Layla Brunnela da Polícia Militar.
Provavelmente é a maior operação referente ao novo cangaço aqui no país, muitos infratores fariam um roubo a banco e foram surpreendidos pelo nosso serviço de inteligência integrado com a Polícia Rodoviária Federal”, completou a capitão da PM.
A polícia chegou a confirmar durante o dia que 26 homens teriam sido mortos no confronto, mas depois voltou atrás e afirmou que o número oficial é de 25 mortos. Em entrevista coletiva, o Bope confirmou a morte de 25 integrantes da quadrilha de assalto a bancos. Mas conforme informações obtidas pela EPTV Sul de Minas, Afiliada Rede Globo, 26 corpos foram para o IML. No entanto, até a última atualização desta reportagem, a polícia ainda não havia confirmado a 26ª vítima. Todos os envolvidos tinham idades entre 25 e 40 anos.
Ainda conforme a polícia, uma carreta que foi apreendida em Muzambinho (MG) faria parte da ação, que aconteceria na noite deste domingo (31). O veículo tinha um fundo falso.
A operação da Polícia Rodoviária Federal recebeu o nome de “Audaces Fortuna Sequitur”. Segundo a polícia, ela recebeu esse nome por fazer referência “à sorte, que acompanha os audazes”. Segundo a polícia, a quadrilha já vinha sendo investigada há alguns meses.
Repercussão
Pelas redes sociais, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) e o Ministro da Justiça, Anderson Torre, falaram sobre a ação.
“Em Minas, a criminalidade não tem vez. As forças de segurança do estado trabalham com inteligência e integração para impedir ações criminosas”, disse o governador.
“Mais uma ação de sucesso! Ontem uma grande operação envolvendo a Polícia Rodoviária e o Bope, da Polícia Militar de Minas Gerais, combateram criminosos do ‘Novo Cangaço’ no Sul de Minas. Parabéns pelas forças policiais pela condução da ocorrência. Enfrentar a criminalidade nas ruas é o grande desafio e o diferencial do nosso trabalho”, disse o ministro Anderson Torre.