Queiroga defende Copa América e diz que não é censor do presidente
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou na CPI da Pandemia que a Copa América não representa riscos adicionais à população e que, do ponto de vista epidemiológico, não há justificativa para o torneio não se realizado no Brasil, posicionamento que recebeu críticas de senadores. A competição começa neste domingo (13).
“Eu não vejo do ponto de vista epidemiológico uma justificativa que fundamente a não ocorrência do evento” afirmou o ministro.
Queiroga reforçou que não cabe ao ministério decidir sobre a realização do evento, que é privado, e afirmou que os protocolos apresentados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) são seguros.
Bolsonaro
Após o ministro afirmar que defende medidas não farmacológicas como distanciamento social e uso de máscaras para evitar a disseminação do novo coronavírus, senadores questionaram a postura de Queiroga ante o presidente Jair Bolsonaro, que critica essas medidas e promove aglomerações. Sobre os protocolos sanitários, o titular da Saúde defendeu o cumprimento por todos os brasileiros, mas afirmou que seguir as recomendações é uma decisão particular do chefe do Executivo.
“Eu sou um ministro da Saúde. Eu não sou censor do presidente da República. Faço parte de um governo. Presidente da República não é julgado pelo ministro da Saúde”, disse.
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que é “constrangedor” o ministro orientar a população a ser cuidadosa e o presidente da República não seguir as recomendações do Ministério da Saúde.
“Como fazer política dentro do Ministério da Saúde se a principal personalidade do Brasil não lhe ouve ?” questionou Omar.
Em resposta, o ministro reforçou que tem feito a sua parte e defendido medidas não farmacológicas.
Nomeação
Sobre a decisão de não nomear a infectologista Luana Araújo para Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 foi dele. Segundo Queiroga, não houve “óbice político” ao nome de Luana, versão, conforme senadores, diferente da relatada pela infectologista e pelo próprio ministro em audiência na Câmara dos Deputados. Questionado pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), o ministro também admitiu que, mesmo em meio à pandemia, não há infectologistas na pasta da Saúde.
Queiroga disse que “mudou de posição” sobre a nomeação de Luana Araújo, que era então uma colaboradora eventual da pasta, e decidiu dispensá-la após perceber que o nome dela não traria “harmonização” entre médicos.
Gabinete paralelo
Questionado pelo relator da CPI, Renan Calheiros, o ministro disse desconhecer um gabinente paralelo que supostamente assessora Jair Bolsonaro durante a pandemia.
“Nunca vi esse grupo atuando em paralelo. Não tenho contato com esse grupo”, respondeu Queiroga.
Mas o ministro admitiu ter mantido “contatos isolados” com a médica Nise Yamaguchi, o empresário Carlos Wizard e o deputado federal Osmar Terra e o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro. Negou ter contato com o Arthur Weintraub, com o virologista Paolo Zanotto e com o anestesista Luciano Dias Azevedo.
Queiroga também confirmou que um representante do Ministério da Saúde, o secretário executivo Hélio Angotti Neto, se reuniu com supostos membros do gabinete paralelo.
“O fato de esses médicos defenderem tratamento “a”, “b”, “c” ou “d” não quer dizer que o Ministério da Saúde não possa participar. Não quer dizer que eu, ao participar do evento, eu ratifico tudo que há ali. Mas não participei”, disse.
Fonte: Rádio Uirapuru