O Ibovespa fechou esta segunda-feira, 30, com forte recuo de 1,52%, aos 108.893 pontos, em um dia marcado pela oscilação e aversão dos investidores ao aumento de restrições em São Paulo e o regresso do estado para a fase amarela do combate ao novo coronavírus. Apesar da baixa, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira encerrou novembro com valorização de 15,90%, a maior alta para o mês desde 1999, quando encerrou com crescimento de 17,77%. Na série geral, o avanço deste mês foi o mais expressivo desde março de 2016, quando o Ibovespa encerrou o ciclo com alta de 16,97%. A animação com o noticiário internacional também enfraqueceu o dólar ante outras moedas globais ao longo deste mês. No câmbio brasileiro, a divisa encerrou esta segunda com alta de 0,38%, a R$ 5,346. No acumulado de novembro, o dólar apresentou recuo de 6,83%, pondo fim na sequência de três meses levando a melhor sobre o real. Este foi o maior recuo para novembro desde 2018, quando a moeda desvalorizou aproximadamente 8%. Apesar do respiro no último mês, o constante avanço da moeda em 2020 — o dólar fechou desvalorizado apenas no fim dos meses de maio e julho —, faz a divisa acumular alta de 33,25% ante a moeda brasileira neste ano.
O bom humor no mercado nacional foi influenciado pelo otimismo nas bolsas internacionais, como a Dow Jones, em Nova York, e a S&P 500, que reúne as principais empresas dos Estados Unidos, após uma série de notícias que aliviaram a pressão sobre os negócios. Entre os destaques, estão o início da transição de poder na Casa Branca após mais de duas semanas de indefinições e a sequência de avanços nas pesquisas das vacinas contra o novo coronavírus. Na onda de otimismo, o Ibovespa renovou na sexta-feira passada, 27, a máxima de fevereiro ao fechar aos 110.575 pontos. A mínima de novembro foi registrado no dia 3, quando o principal índice da Bolsa de Valores brasileira encerrou o pregão aos 95.979 pontos.
Se o noticiário internacional gerou mais propensão ao risco para os investidores, o efeito foi o inverso com o cenário doméstico. O mercado enxerga com apreensão a capacidade de o governo federal evitar a disparada ainda mais expressiva das contas públicas em meio ao aumento de casos da Covid-19 em diversas regiões do país. O ministro da Economia, Paulo Guedes, buscou tranquilizar os investidores na última semana ao afirmar em diversas oportunidades que o Brasil não passa por uma segunda onda de infecções e que o auxílio emergencial será encerrado em 31 de dezembro deste ano, sem perspectivas de outra renovação. Na mesma linha, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou neste domingo, 29, que o país não tem mais fôlego para bancar o programa. O benefício deverá custar R$ 322 bilhões ao cofres públicos até o fim do ano. Na conta também estão a falta de perspectivas para a aprovação de uma série de textos estruturantes encaminhadas pelo Ministério da Economia ao Congresso, com destaque para as PECs Emergencial e do Pacto Federativo, que, entre outros pontos, criam uma série de gatilhos para a manutenção do teto de gastos. Os investidores também observam o andamento para a formulação do Orçamento para 2021 e as chances de aprovação das etapas complementares das reformas tributária e administrativa.
Foto: BRUNO ROCHA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Fonte: Jovem Pan