O Instituto Médico Legal e o Instituto de Criminalística de São Paulo concluíram a investigação da morte do voluntário que participava dos testes da vacina contra a covid-19, desenvolvida pelo Instituto Butantan e o pelo laboratório chinês Sinovac. De acordo com o laudo, concluído nesta quinta-feira, 12, a causa do óbito foi por “intoxicação exógena por agentes químicos”, ou seja, exteriores ao corpo.
Ainda de acordo com a informação obtida por EXAME, foi constatada a presença de opióides, com efeitos similares ao da morfina, sedativos e álcool no sangue na vítima.
A morte, chamada pelo termo técnico dentro dos testes da vacina de “evento adverso grave”, foi o que levou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a suspender a fase de testes da vacina na segunda-feira, 9.
O presidente da Anvisa, Antônio Barra, disse que a interrupção foi determinada porque os dados recebidos por parte do Butantan estavam incompletos e insuficientes.
A decisão foi no sentido contrário da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa, que também avalia o andamento dos testes no Brasil. De acordo com o coordenador da comissão, o médico Jorge Venâncio, o evento adverso grave não seria uma justificativa plausível para interromper os testes.
Ainda na segunda-feira, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que a morte não tinha relação com a vacina.
Na quinta-feira, 11, a Anvisa autorizou a retomada dos estudos clínicos da CoronaVac. A agência reguladora reforçou que a suspensão do estudo levou em conta critérios técnicos e que, até data da suspensão, não tinha conhecimento de informações que só foram encaminhadas na terça-feira, 10.
Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, 12, Dimas Covas disse que a interrupção de dois dias não afetou o cronograma dos testes e que eles voltaram assim que foi autorizado. Até o momento, pouco mais de 10.000 voluntários já receberam a vacina em sete estados brasileiros. O total de testados será de 13.000 pessoas.