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Segmento de seguros fatura mesmo com a pandemia

Nem mesmo a crise gerada pela pandemia de Covid-19 afetou o setor de seguros, considerado um dos mais rentáveis da economia brasileira. Ainda que tenha sofrido impacto nos primeiros meses de isolamento, recentemente o mercado demonstrou que a retomada do crescimento está sólida. O segundo semestre iniciou com aumento de 7,3% na carteira de seguros sem Saúde e sem DPVat, totalizando R$ 25,7 bilhões de prêmios arrecadados em todo País no mês de agosto. Em setembro, as receitas dos segmentos supervisionados pela Susep somaram R$ 24,34 bilhões.
“O mês de março e, principalmente, o mês de abril realmente tiveram seus desempenhos influenciados pela crise sanitária”, comenta o chefe da Assessoria de Estudos e Relações Institucionais da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Paulo Miller. Em maio, as receitas ficaram em R$ 17,35 bilhões, superando abril em 10,1% – mas representando queda de 23,2% frente ao mesmo período de 2019. “Os segmentos mais impactados foram os que dependem de mobilidade, de atividade de varejo, como o seguro automóvel, os seguros de transportes e o seguro de garantia estendida”, revela. Ele explica que no decorrer de nove meses, somente os seguros de vida acumularam alta de 11,7% em relação ao período de janeiro a setembro do ano anterior.
“Praticamente todos os ramos já retomaram os patamares pré-crise e apresentam tendência de alta”, pondera Miller. Com as reformas regulatórias em curso, a tendência é que o setor continue a crescer, avalia. “No entanto, deve-se observar os desdobramentos dos efeitos da crise na economia e como podem impactar o setor de seguros”, opina.
Fato é que até setembro, o acumulado de 2020 apontou crescimento das receitas do setor em R$ 198,07 bilhões, ficando abaixo de 2019 por apenas 0,3%. Miller aponta que os produtos de capitalização foram destaque no segundo mês do semestre, com alta de 9,7% no comparativo com agosto. Já no comparativo com setembro de 2019, o crescimento foi de 16,4%. Ele avalia que diversos fatores contribuíram para a recuperação: além da percepção da necessidade de proteção securitária que a crise trouxe, novos produtos “inovadores” – como o seguro intermitente e o seguro paramétrico – o bom desempenho do agronegócio, o aumento da subvenção do prêmio e a reabertura do comércio também ajudaram na retomada.
“O mercado segurador brasileiro sempre foi pujante (responde por mais de 6,7% do PIB brasileiro) e pioneiro, sendo um dos mais avançados do mundo. A pandemia confirmou isso definitivamente”, considera o vice-presidente Administrativo do Sindicato dos Corretores de Seguros e Resseguro de Empresas Corretoras de Seguros e Resseguros, Saúde, Capitalização e de Previdência Privada no Estado do Rio Grande do Sul (Sincor-RS), André Luiz Araújo Thozeski. “Nossos processos já estão em meio digital há anos – já estávamos preparados para atuar remotamente”, observa o dirigente ao explicar a resiliência do setor. Na análise de Thozeski, os “corretores foram fundamentais na distribuição de seguros e, mais que isso: na assessoria adequada aos clientes. Com certeza, sairemos desta experiência muito mais qualificados”.

Incertezas sobre o futuro incentivam contratação de novos seguros

Contando com uma carteira diversificada de produtos, o mercado segurador brasileiro está entre os setores que tendem a se fortalecer ainda mais com a crise, tornando-se mais maduro no cenário pós-pandemia. A análise é do vice-presidente do Sincor-RS, André Luiz Araújo Thozeski. “Em um momento de instabilidade econômica e incertezas com relação ao futuro, como o que estamos vivendo, os brasileiros estão percebendo, com mais clareza, a importância do seguro para mitigar riscos e prevenir perdas”, explica.
Segundo o dirigente do Sincor-RS, em meio à pandemia as pessoas passaram a “olhar para a importância” do seguro de vida, de acidentes pessoais e residencial. “Vê-se um movimento irreversível que aponta para um fortalecimento da cultura de seguros, já consolidada em países mais avançados.”
“Vê-se um amadurecimento do cidadão consumidor nos últimos anos: ele se deu conta que sua residência vale muito mais que seu carro, que sua própria vida vale muito mais do que todos os bens que ele possui”, concorda o chefe da Assessoria de Estudos e Relações Institucionais da Susep, Paulo Miller. “Com isso, ele passou a proteger sua residência, com seguros completos que custam muito barato, e também a si próprio, com seguros que garantem sua renda em caso de acidente ou doença, que garantem a sua família se acontecer de ele faltar e também que protegem seu futuro, com a Previdência Privada.”
“O comportamento dos brasileiros em relação ao seguro pessoal tem mudado de forma significativa nos últimos anos”, avalia o diretor Executivo Comercial da Sabemi Seguradora, Leandro Nunes. “A pandemia acelerou essa mudança de comportamento, trazendo um novo olhar sobre a importância do seguro que, por muito tempo, foi um tabu no Brasil.” Presente em todo o País, a empresa gaúcha tem no Estado um de seus maiores mercados. “O Rio Grande do Sul sempre foi prioritário para o nosso negócio”, afirma. Segundo o gestor, atualmente o Estado é o segundo colocado em vendas no ranking da empresa.
O vice-presidente do Sincor-RS destaca que uma apólice adequada e dimensionada “sob medida” para a real necessidade de cada um “só é possível” com a consultoria do profissional do ramo. “Custa muito menos que uma adquirida sem a personalização”, afirma. Thozeski avalia que a tendência para os próximos meses é de que ocorra uma maior valorização da assessoria profissional em todas as necessidades de seguros e investimentos. “O cidadão que conta com o corretor de seguros lhe aconselhando tem as melhores soluções para cada uma das suas necessidades. E isso não significa maior custo, muito pelo contrário.”
Gama de soluções

Além do seguro de vida, e para automóvel e residência, citando os mais conhecidos, as apólices oferecidas pelo mercado são diversas. É possível encontrar garantia de proteção para responsabilidade civil profissional, para fiança locatícia, obrigações contratuais, riscos de engenharia e até seguro odontológico e assistência Pet. Frente às possibilidades de mercado para 2021, novos produtos ainda devem ofertados.

“As reformas em curso darão maior flexibilidade para as empresas inovarem e oferecerem produtos e serviços diferenciados”, avalia o chefe da Assessoria de Estudos e Relações Institucionais da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Paulo Miller. Segundo ele, há boas expectativas de crescimento com as novas empresas que estão fazendo parte do sandbox regulatório, iniciativa que permite que instituições autorizadas ou não a funcionar pelo Banco Central possam testar projetos de inovação. “O sandbox já está com 11 novos projetos selecionados”, informa. “Com isso, os processos de contratação e regulação de sinistros tendem a ter um foco maior na experiência do usuário.”

Fonte/Foto: Jornal do Comércio

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