Rádio Planetário FM 91.5

Queda na oferta eleva o preço da erva-mate no RS

A disponibilidade de matéria-prima tem causado preocupação à indústria da erva-mate, que projeta aumento nos preços e até uma possível falta do produto no mercado. A situação deve-se ao reflexo da estiagem de 2020 nos ervais, somado ao aumento das exportações e ao aquecimento no consumo desde o início da pandemia da Covid-19. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria do Mate no Estado do Rio Grande do Sul (Sindimate), Álvaro Pompermayer, a defasagem nos preços está próxima de 40%.

A estiagem ocorrida nos primeiros meses de 2020 prejudicou a brotação do verão. Isso impactou na disponibilidade do produto em cerca de 40% e aumentou o custo da matéria-prima. Como faltou chuva também na Argentina, as indústrias daquele país vieram buscar o produto no Brasil, o que não havia ocorrido nos últimos anos. “Isso desestabilizou os estoques”, observa Pompermayer. O volume importado pelos argentinos é calculado em cerca de 10 mil toneladas, o equivalente a 45 dias de consumo no Rio Grande do Sul.

O segmento alega ainda que a situação foi agravada pelo aumento de insumos como embalagens, papelão e combustíveis. O consumo, por sua vez, registrou incremento num momento considerado “ruim” para a indústria. A pandemia fez com que muitos consumidores tomassem chimarrão com mais frequência por passarem mais tempo em casa. Além disso, há a recomendação de não compartilhar a cuia, em razão da pandemia do Covid-19. A preocupação mais recente é com a falta de chuvas nas regiões produtoras, que pode impactar na brotação da nova safra. “Se essa estiagem acontecer, aí a indústria vai ter que achar outro lugar para comprar”, admite o dirigente.

Segundo o extensionista da Emater e coordenador técnico do Programa Gaúcho para a Qualidade e Valorização da Erva-Mate, Ilvandro Barreto de Melo, o preço pago ao produtor pela arroba varia atualmente de R$ 17,00 a R$ 22,00. Há um ano, oscilava entre R$ 11,00 e R$ 15,00. Ele explica que as exportações de erva-mate, que costumam ser próximas de 35 mil toneladas por ano devem chegar até a 42 mil toneladas neste ano. Quanto à nova safra, de acordo com Melo, já é possível observar estresse hídrico na primeira das cinco brotações da planta. A área plantada no país é de cerca de 35 mil hectares e variou pouco nos últimos dez anos.

*Correio do Povo

Foto: FABIANO ZENERE/ Divulgação EMATER

Sair da versão mobile