Com o predomínio do tempo seco em todo o RS, a colheita da soja atingiu 91% da área cultivada nesta safra. À medida que a colheita avança, seguem as solicitações de vistorias de Proagro nas lavouras que utilizam a política de crédito rural. No Estado, até esta quinta-feira (23/04) foram realizadas 8.970 vistorias de Proagro em lavouras de soja por técnicos da Emater/RS-Ascar, que atuam em parceria com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr). De acordo com o Informativo Conjuntural desta semana, a totalidade de solicitações em culturas e hortigranjeiros chega a 14.233 vistorias. Os números vêm sendo contabilizados desde 01 de dezembro de 2019.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Ijuí, a colheita avançou para 99% das áreas e se aproxima do encerramento. O rendimento médio atual está em 2.140 quilos por hectare. Nos cultivos tardios, semeados em áreas com irrigação, o potencial produtivo está em 1.500 quilos por hectare, enquanto que nas áreas sem irrigação o rendimento diminui para menos de 600 quilos por hectare. Os impactos da estiagem na região reduziram a produtividade da cultura em 45% em relação ao potencial esperado inicialmente. Alguns produtores já estão planejando a próxima safra e reservaram sementes. Os grãos estão sendo submetidos à classificação e ao teste de germinação. Os primeiros resultados apontam produto de regular poder de germinação, mas baixo vigor. Essa medida visa avaliar a necessidade de aquisição de semente no mercado para safra 2020/2021.
Apesar da ocorrência de precipitações no Estado com intensidade e volumes variados, trazendo a diminuição das temperaturas e o registro de geada em algumas regiões, a colheita do milho chegou a 83%. Na regional da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa, 16% da área total correspondem às áreas de milho segundo plantio – safrinha. Devido à redução do número e quantidade na espiga, a tendência é que parte das lavouras do milho safrinha destinada para grãos passe a ser utilizada como forragem para alimentação animal. Com as últimas chuvas, a situação das lavouras de milho segundo plantio melhorou parcialmente, mas as perdas se mantêm em torno de 50% em relação à produtividade esperada. O rendimento está em 3.600 quilos por hectare. Em geral, considerando todas as lavouras de milho destinadas para grãos, de primeiro e segundo plantio, a perda é de 11%, chegando à produtividade média de 7.118 quilos por hectare. As maiores perdas ocorreram nos municípios da região das Missões.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Pelotas, a colheita e o preparo do milho silagem continuam a ser realizados. No momento, a colheita segue lenta, tendo em vista que a prioridade é a colheita de soja. A silagem tem apresentado qualidade inferior e baixo rendimento. A produtividade tem variado de seis a nove mil quilos por hectare. Muitas lavouras que vêm sendo destinadas para silagem destinavam-se a grãos. Na região de Porto Alegre, a colheita do milho silagem teve um avanço significativo nas últimas duas semanas, em face da antecipação do ponto de colheita por conta do tempo seco, e chegou a 83% da área. O milho do tarde está com danos irreversíveis e perdas estimadas de 43% na produção de grãos. O rendimento alcançado está em 14 toneladas por hectare. Atualmente, o valor por tonelada está em R$ 280,00.
Na região administrativa de Pelotas, o feijão 1ª safra se encaminha para o final do ciclo, e a colheita já atinge 97% da área plantada. Nesta safra, a cultura foi bastante afetada pela prolongada estiagem na região. Apenas parte das lavouras plantadas se destinou de forma exclusiva para fins comerciais. As perdas médias chegam a 60% da produtividade esperada. O rendimento médio está em 540 quilos por hectare.
No feijão 2ª safra, a regional da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen contabiliza 9% das lavouras em desenvolvimento vegetativo, 31% em floração, 28% em enchimento de grãos, 12% em maturação e 20% já foram colhidas. As perdas na região estão em 35% do rendimento inicial de 1.800 quilos por hectare. Em geral, as lavouras apresentam limitações para a realização do controle de pragas e doenças e da adubação nitrogenada de cobertura. Na região de Santa Rosa, as lavouras do feijão safrinha estão nas fases de formação de vagens e enchimento de grãos. Os cultivos têm apresentado folhas secas e amareladas por deficiência de umidade. As chuvas da semana beneficiaram parcialmente as lavouras. As perdas registradas são inevitáveis e já chegam a 70% em relação ao rendimento esperado de 1.500 quilos por hectare.
No arroz, as precipitações nas regiões produtoras foram de baixos volumes e não modificaram o quadro de escassez de água nos mananciais. O tempo seco predominou durante a semana e favoreceu a colheita de arroz, que alcança 92% no RS. Na regional da Emater/RS-Ascar de Bagé, por exemplo, a colheita avançou e atinge 93% da área cultivada, restando 7% em maturação fisiológica. Há preocupação com o volume dos reservatórios hídricos, fator determinante para o planejamento da área a ser cultivada no próximo ano. Em algumas situações, é preciso que no inverno ocorra elevado volume de chuvas para repor os mananciais utilizados na produção.
PASTAGENS E CRIAÇÕES
Em função da estiagem prolongada, os campos nativos e as pastagens cultivadas de verão tiveram seu ciclo encurtado e apresentaram grande diminuição da produção de massa verde e aumento do teor de fibras, antes do que normalmente acontece. A estiagem também provocou atraso na implantação das pastagens cultivadas de inverno. Somado ao encurtamento do ciclo das forrageiras de verão, tal atraso terá como consequência um alongamento do período de vazio forrageiro outonal.
As poucas chuvas ocorridas nas últimas semanas propiciaram suficiente umidade no solo para o plantio de pastagens de inverno na maior parte das regiões, mas é necessário que chova bem mais para que ocorra a boa germinação e o bom desenvolvimento das forrageiras implantadas. Outra consequência da estiagem foi uma grande redução na produção de feno; em muitas áreas, sequer se tornou possível.
Em quase todo o Estado, a maior parte dos rebanhos bovinos de corte apresentam escore corporal abaixo do normal para a época do ano, com predominância de perda de peso. Concorre para esse quadro a deficiência alimentar e nutricional, resultante da baixa quantidade e qualidade dos pastos e da escassez de água para dessedentação, ambas causadas pela estiagem. Outro prejuízo que deve ser causado pela restrição alimentar é a redução da taxa de prenhez das vacas.
As condições sanitárias dos bovinos de corte no geral são satisfatórias. É importante destacar que encerra no final do mês o prazo para que os criadores comuniquem a Inspetoria Veterinária sobre a vacinação obrigatória contra febre aftosa.
Na Bovinocultura de Leite, o déficit alimentar e nutricional das pastagens nativas e cultivadas de verão, a escassez hídrica, o atraso na implantação das pastagens cultivadas de inverno e a redução da quantidade e da qualidade da silagem produzida são os principais componentes que resultam no agravamento do quadro. Todos são decorrentes do longo período de estiagem. A situação predominante dos rebanhos de bovinos gaúchos de leite continua sendo de declínio do escore corporal e queda da produção leiteira.
PISCICULTURA – Os níveis dos viveiros continuam baixos, requerendo cuidados especiais. Nos açudes onde foi realizada a despesca, os piscicultores realizam os procedimentos de conservação e preparo para um novo ciclo produtivo.
PESCA ARTESANAL – Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Porto Alegre, continua a restrição ao acesso à beira do mar e o estabelecimento de horários específicos para a pesca. Continua também, na maioria dos municípios, a suspensão das feiras de peixe. As vendas continuam a ser realizadas na casa dos pescadores ou por tele-entrega. Na região de Santa Rosa, a baixa profundidade da água dos rios impede a pesca embarcada na maioria dos locais. O mau cheiro da água, em virtude da grande proliferação de algas, é outro problema enfrentado pelos pescadores artesanais.
FONTE: ASCOM EMATER E ACONTECE NO RS