Desde maio de 2019, Volnir Júnior dos Santos, gaúcho de São Francisco de Paula, conhecido nas redes sociais como Tchê Voni, sinalizava o desejo de doar o acervo para o Museu Farroupilha. Foi quando Francieli passou a se comunicar com o empresário do ramo hoteleiro, que vive há 19 anos em Natal, no Rio Grande do Norte.
Ao ter conhecimento da possível doação, a secretária da Cultura, Beatriz Araujo, manteve contatos telefônicos com o empresário. O colecionador esperou até 11 de setembro – mesma data em que foi proclamada, em 1836, a República Rio-Grandense – para registrar em cartório e enviar o documento ratificando sua decisão. Beatriz e Francieli viajaram em outubro para conhecer o doador e o acervo, em Natal.
Lá, foram recebidas por um gaúcho com pilcha completa, que as levou ao ambiente da residência onde enfileirava os 29 volumes que acondicionavam a coleção, totalizando 401 quilos. “Foi um momento de grande alegria e emoção, uma vez que estávamos diante de peças históricas de tamanha relevância, que mudariam para sempre o Museu Histórico Farroupilha de Piratini, bem como contribuiriam para aprofundar o conhecimento acerca da saga farrapa”, recorda Beatriz.
Após a consolidação das tratativas, a secretária se empenhou para trasladar o acervo até Porto Alegre, uma vez que, antes de ser levado para Piratini, o material deve passar por catalogação e ser adicionado ao patrimônio do Estado. Para isso, contou com a intermediação do deputado federal Ronaldo Santini, o qual viabilizou o transporte aéreo com a FAB (Força Aérea Brasileira) e terrestre com o Exército. Dois meses depois, a coleção chegou ao Rio Grande do Sul.
Francieli lembra que o valor das peças e a nobreza do gesto do colecionador comoveram a equipe. A coleção é composta por itens de valor museológico arquivístico e bibliográfico incalculável. “São centenas de livros de grande qualidade técnica, alguns raros, e artefatos como balas de canhão, armamento de época e outras raridades, entre elas moedas com a cunhagem da República Rio-Grandense e o passaporte que dava acesso à república farrapa durante o período da Revolução Farroupilha”, conta.
“Trata-se de relíquia cultural, patrimônio de todos os gaúchos. Uma doação altruísta que configura uma nova história para o Museu Farroupilha, agora assinada a próprio punho pelos farrapos. É a parte da República Rio-Grandense que retorna a sua primeira Capital.”
Foto:RAFAEL VARELA ASCON SEDAC
Redação Sul