Estudante de Porto Alegre é aceita em seis universidades para mestrado nos Estados Unidos
A estudante Larissa Migotto, de 22 anos, conseguiu vagas de mestrado em seis universidades dos Estados Unidos. Moradora de Porto Alegre, ela se prepara para passar dois anos no país, onde vai estudar e trabalhar na Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, com bolsa integral.
Depois da maratona para conseguir aprovação, agora a jovem tem um novo desafio: conseguir 5 mil dólares para custear o seguro saúde durante o período em que estiver nos EUA. Para isso, vende doces e está com uma campanha online para arrecadar o dinheiro.
“Por anos, a minha mãe, que é cuidadora de idosos, vendeu doces para conseguir renda para casa, então para gente essa é sempre uma opção para conseguir pagar nossas contas. Eu já tinha a ideia de fazer a vaquinha, então pensei que, além do lucro, os doces poderiam atrair mais pessoas para ouvirem a minha história e entrarem na minha vaquinha para contribuírem por lá também”.
Aluna de escola pública nos ensinos fundamental e médio, Larissa foi aprovada pela primeira vez em uma bolsa de estudos internacional aos 14 anos.
“Eu ganhei uma bolsa de estudos para estudar inglês por um programa da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Desde lá, eu sempre quis muito estudar fora, mas sabia que isso era um plano de longo prazo para mim. Já que envolvia alguns custos, com testes, taxas, visto, etc. Dos meus 14 anos para cá, eu pude participar de diversos outros programas da Embaixada, que intensificaram meu desejo de estudar fora.”
Depois de ser aceita por seis universidades, a escolha por Illinois foi pela possibilidade de poder trabalhar e estudar durante os dois anos.
“Eu vou ser responsável por auxiliar uma professora na disciplina de Introdução à América Latina, ajudar nas correções das avaliações e dar aula uma vez por semana sobre essa mesma matéria na University of Illinois”.
O mestrado da Larissa é em Estudos Latino-Americanos e Caribenhos. A ideia é desenvolver pesquisas que possam ter algum impacto para o Brasil e para América Latina no futuro.
“Desde a graduação, eu sempre foquei minhas pesquisas e trabalhos para a questão da integração regional latino-americana, a política externa do Brasil em relação a esses países e a política externa dos Estados Unidos para a região latino-americana. Vou continuar estudando isso, mas agora quero entender um pouco mais sobre economia e desenvolvimento de políticas públicas para a nossa região. Isso vem de uma vontade minha de retribuir.”
Depois que começou a receber as cartas de aceitação das universidades, os amigos passaram a ter curiosidade sobre o método usado por Larissa. Foi aí que surgiu a ideia de reunir todas as dicas num e-book.
“Escrever um livro também era um sonho que eu tinha, mesmo que seja um livro eletrônico. Quero disseminar mais essa ideia de que é possível estudar fora, tem várias bolsas, e mesmo que você não tenha dinheiro, ainda dá para tentar e conseguir oportunidades bem bacanas”.
Principais dicas
- Seja você mesmo e conte sua história com paixão. Isso é realmente valorizado lá, de onde você vem, quais foram suas conquistas e suas dificuldades. Como é uma avaliação bem holística, fale de você mesmo, não desperdice essa oportunidade falando de coisas generalistas e sendo muito modesto.
- Mostre como você pode contribuir para universidade e como será um bom “embaixador” para a instituição no futuro. Essa dica mostra que, além da sua história (seu passado), a universidade também está preocupada com o seu potencial (seu futuro) de representá-la bem em outros contextos, países, etc.
- Envolva-se em atividades extracurriculares. Não adianta ter só um histórico da graduação cheio de notas 10, apesar de ser importante ter boas notas, obviamente. Mostrar que se envolve com algumas causas e atividades extraclasse é bastante valorizado.
- Prepare-se o quanto antes. Talvez pareça um exagero, mas eu acho realmente que me preparo desde os 14 anos, quando comecei a fazer inglês e trabalhos voluntários, em Porto Alegre. Tudo isso conta bastante, acho que nunca é cedo demais para começar.
As aulas começam dia 26 de agosto. Larissa deve embarcar uma semana antes para fazer um treinamento destinado a estudantes internacionais que vão trabalhar na universidade.
“Meus irmãos trabalham desde os 14 anos nas mais variadas funções: office boy, motoboy, vendedor, lavando carros, fazendo mudanças. Foi por causa de toda essa dedicação deles que eu não precisei trabalhar desde cedo e pude ter a oportunidade de estudar. Só quem vive essa dinâmica consegue compreender o tamanho do privilégio que é poder se dedicar ‘somente’ aos estudos. Sou muito grata a eles por isso”.
Fonte: G1/RS
Foto: Arquivo pessoal