Pedido de ajuda nas redes sociais pode fomentar crimes relacionados a veículos
A cena é comum. A vítima tem seu veículo furtado ou roubado e pede ajuda nas redes sociais. Ela disponibiliza o modelo, a placa, foto, um telefone para contato e como ocorreu o crime.
As informações, um pedido habitual para ter de volta o bem, podem municiar criminosos especializados em um golpe que não é novo, mas que tem registrado aumento de ocorrências em Passo Fundo: o furto ou roubo de veículos seguido da exigência de valores para a devolução ao proprietário.
A Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) é a responsáveis por investigar esta prática.
Conforme o delegado Diogo Ferreira, a divulgação de informações nas redes sociais pode ser prejudicial na investigação. “Isso acaba despertando criminosos que nem praticaram o furto, não têm ideia de onde está o veículo, praticam as extorsões exigindo dinheiro para devolver o veículo que nunca tiveram posse”, disse.
Os veículos, de diversos modelos, são os alvos porque as vítimas têm medo de perder valores investidos. “Eles pegam veículos que não têm seguro. Para não perder o valor total, como R$ 20 mil, R$ 30 mil ou R$ 50 mil, a vítima prefere pagar um resgate de R$ 2 mil, R$ 3 mil”, exemplifica o titular da Draco.
Não se tem um número exato de casos registrados em Passo Fundo por semana ou por mês.
Orientações
A Polícia Civil orienta que as vítimas tomem cuidado na hora de divulgar as informações nas redes sociais, principalmente telefone pessoal e imagem do veículo. Além disso, é indicado que não se pague os valores exigidos. O pagamento fomenta ainda mais a prática criminosa. Por isso, a orientação é repassar à polícia todas as situações, para que uma investigação tenha início e os bandidos possam ser indiciados.
Operação 77
Para combater a prática criminosa, na segunda-feira (11), a Draco deflagrou a Operação 77, na qual foram cumpridas três ordens judiciais, com a prisão de um homem. Foram dois meses de investigação, a partir do furto de três veículos, casos em que houve a extorsão de valores praticados por uma quadrilha.
Casos
O primeiro caso ocorreu no dia 2 de dezembro de 2017. A vítima informou que, por volta das 19h30, estacionou uma Ford F1000, em frente a uma igreja na Rua Olavo Bilac, bairro Petrópolis, em Passo Fundo. Por volta das 21h, após sair do culto, o veículo havia sido subtraído. O segundo crime envolveu uma GM/D20 e ocorreu no dia 21 de dezembro de 2017. O veículo estava estacionado na Rua Independência, no Centro, de onde foi furtado. Após o fato, um homem ligou para a vítima e exigiu R$ 5 mil para devolver a D20. O bandido enviou foto e disse para a vítima não envolver a polícia no caso. No entanto, não pagou o resgate.
O terceiro furto foi no dia 15 de fevereiro do ano passado, por volta das 15h20. Um veículo GM/S10 foi deixado no estacionamento de um mercado, no bairro Petrópolis. O dono fez compras e, quando retornou, percebeu que havia sido vítima de furto. Após o fato, um criminoso entrou em contato com a vítima e exigiu também R$ 5 mil para devolver o veículo.
Investigação
Conforme a Draco, ao analisar as imagens das câmeras de segurança do mercado, foi constatado a utilização de um veículo VW/Gol para auxiliar no furto da S10: três indivíduos estavam dentro do veículo no estacionamento do mercado.
Após alguns minutos depois, o Gol sai do local com apenas com dois tripulantes e o terceiro é visto com a S10 furtada. Após realizar diligências, o proprietário do Gol, de 30 anos, foi preso pela Draco no Loteamento Leonardo Ilha, na tarde de segunda-feira (11).
A operação prossegue e há outros investigados que rotineiramente praticam furtos e roubos de veículos com o intuito de realizar a extorsão das vítimas.
Fonte: Diário da Manhã