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Deputados gaúchos que recusaram aumento salarial deixaram de receber mais de R$ 300 mil desde 2015

05.08.2017 09h13  /  Postado por: upside

 

Deputados aprovaram reajuste de 26% em 2014. Valor de R$ 25.322 começou a valer em 2015

Três deputados estaduais gaúchos, de diferentes vertentes ideológicas, abriram mão do aumento salarial de 26% concedido a partir de fevereiro de 2015. A diferença mensal, descontados os impostos, é de cerca de R$ 3,8 mil. Tiago Simon (PMDB) e Marcel Van Hattem (PP) devolvem o montante aos cofres públicos. Já Pedro Ruas (PSOL) faz doações a entidades assistenciais. Em 30 meses, o trio deixou de receber mais de R$ 320 mil.
Doação
O deputado Pedro Ruas (PSOL) divide R$ 3.709 mensalmente entre duas entidades assistenciais. Cada uma recebe R$ 1.854. Até o momento, mais de 50 locais foram beneficiados com R$ 109 mil. O parlamentar explica a opção de fazer doações.
“Não devolvo para o Estado porque o gestor gasta errado. Nós doamos para entidades idôneas, sem vinculação partidária, política, ideológica”, relata Ruas.
As entidades são escolhidas através de critérios definidos pelo gabinete, como idoneidade e real necessidade. O local também não pode contar com uma grande entidade como mantenedora.
Devolução
Tiago Simon (PMDB) recebe o salário já com o desconto de R$ 3.827 (por que o valor dele é diferente?). Assim, os valores acabam ficando no cofre da Assembleia Legislativa. De acordo com ele, tomou a decisão porque sabia que os quatros anos de seu mandato seriam marcados pela crise.
“Quando é mostrado o montante geral do auxílio-moradia, por exemplo, a gente vê que essas atitudes representam pouco, mas sinalizam uma exigência da sociedade”, relata.
Marcel Van Hattem (PP) também tem o valor descontado diretamente no contracheque. Ele afirma que a ação, por si só, não vai mudar a situação financeira do Estado. No entanto, acredita ser válida pelo simbolismo.
“Desde o primeiro dia de mandato disse que iria abrir mão. É manter a coerência, algo muito em falta no meio político. O eleitor valoriza isso e eu também valorizo muito”, destaca.
Câmara de Porto Alegre
Três vereadores da Capital também devolvem valores referentes a aumentos salariais. Ao todo, o trio abriu mão de R$ 14,5 mil desde 2016.
A vereadora Fernanda Melchionna (PSOL) decidiu fazer doações desde o ano passado, quando a Câmara autorizou reajuste de 9,28%. Desde então, a parlamentar já repassou cerca de R$ 13 mil, sendo R$ 800 por mês. Ela fará o mesmo com o aumento concedido em maio de 2017, de cerca de R$ 500.
“Votamos contra o aumento. É uma questão de posicionamento frente à crise, o desemprego, o arrocho salarial”, salienta.
Roberto Robaina (PSOL), que iniciou seu mandato em janeiro deste ano, vai doar o reajuste concedido em maio. Até o momento, foram cerca de R$ 1 mil.
“Não faz sentido nesse momento. Cortar o salário de todo mundo e os vereadores concedendo aumento. Nós votamos contra”, diz.
Também em primeiro mandato, Felipe Camozzato (Novo) efetuou a primeira doação nessa semana. O Centro de Reabilitação São João Batista recebeu R$ 413. Ele fará repasses trimestrais a entidades.
“É um compromisso de campanha de que não votaria aumento de salários. É uma postura de responsabilidade com o dinheiro público. Estamos em um momento de crise”, pontua.
Aumentos
Na Assembleia Legislativa, os deputados que encerraram seus mandatos em 2014 aprovaram aumento de 26% para a legislatura que começou em 2015. O valor passou de R$ 20.042 para R$ 25.322. Em Porto Alegre, há uma norma que concede a reposição da inflação anual aos vereadores no mês de maio. No ano passado, o índice foi de 9,28%. Em 2017, o aumento foi de 4,08%. Atualmente, um parlamentar da Capital recebe R$ 13,5 mil.

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