Trabalhadores soterrados estavam com equipamento de segurança incompleto, afirma polícial
Os corpos dos dois trabalhadores soterrados por 40 toneladas de soja, na tarde desse domingo (23), em uma unidade da Cooperativa Agrícola C.Vale, em São Luiz Gonzaga, na Região das Missões, foram encontrados sem dois itens de segurança essenciais para este tipo de trabalho, conforme registro da Polícia Civil.
A situação também foi verificada pelo sargento Saydellis, do Corpo de Bombeiros. Ele esteve no resgate e afirma que as vítimas – identificadas como Edgar Jardel Fragoso Fernandes, 30 anos, e João de Oliveira Rosa, 38 anos – não utilizaram cintos que devem ficar presos a um cabo guia que teria servido puxar os trabalhadores de volta no momento em que eles foram soterrados.
“Nós avistamos esses materiais de proteção individuais. Só que eles estavam colocados na parte externa e com certeza eles não foram utilizados pelas vítimas durante o procedimento normal de trabalho que eles estavam desempenhando no interior da moega. Talvez, eu diria com 100% de certeza, eles estivessem vivos se tivesse alguém fazendo a segurança”, relatou.
Saydellis destaca que os próprios bombeiros utilizaram o cinto, preso por um mosquetão, ao cabo de segurança. Eles usaram sugadores elétricos de grãos para chegar até o local onde estavam os corpos.
Ainda conforme os relatos colhidos pelos Bombeiros no local do acidente, os trabalhadores estavam tentando desentupir um duto que liga duas moegas de soja. Eles teriam utilizado barras de ferro para desbloquear a passagem quando foram sugados.
Segundo o sargento, as vítimas portavam apenas óculos, capacetes e protetores auriculares quando foram encontradas. A delegada Elaine Schons vai colher o depoimento do gerente-geral da cooperativa, Ricardo Augusto Fastio, na tarde de hoje e pretende solicitar imagens do circuito interno de câmeras para apurar como o acidente aconteceu. O Ministério do Trabalho também vai realizar uma perícia no local.
A reportagem da Rádio Gaúcha entrou em contato com a Cooperativa C.Vale, mas foi informada que os diretores estavam em uma reunião e não poderiam atender no momento. Também não foi fornecido o contato de um advogado, nem representante que pudesse falar sobre o caso.
Fonte: Rádio Gaúcha