Documentos foram apreendidos em 22 de fevereiro e divulgados pelo Blog do Fernando Rodrigues, no portal UOL
Buscas da Lava-Jato na residência do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Júnior, encontraram documentos que apontam possíveis repasses da empresa para mais de 200 políticos de 18 partidos.
A informação foi divulgada nesta quarta-feira pelo Blog do Fernando Rodrigues, com apuração de repórteres do UOL, que revelou o material apreendido pela Polícia Federal em 22 de fevereiro, na 23ª fase da Operação Lava-Jato, chamada de Acarajé. Os documentos foram liberados pela Justiça Federal de Curitiba.
No início da tarde, o juiz Sergio Moro decretou sigilo sobre a “superplanilha”. Até então, as tabelas e planilhas nominais estavam acessíveis mediante senha de acesso fornecida pela Justiça.
As planilhas apresentam valores relacionados a nomes de políticos, alguns também identificados por apelidos. Apesar da listagem apontar valores, autoridades da Lava-Jato ressaltam que isso não significa que haja alguma ilegalidade nos eventuais repasses, segundo o jornal Estado de S. Paulo. O motivo do controle em planilhas e de eventuais pagamentos está sendo apurado pela força-tarefa da Lava-Jato.
Na lista são citados parlamentares gaúchos como Nelson Marchezan Júnior (PSDB), Frederico Antunes (PP), Adão Villaverde (PT), Maria do Rosário (PT), Gilmar Sossella (PDT) e Manuela D’Ávila (PC do B). Zero Hora está tentando contato com os citados para saber sobre eventuais doações que tenham recebido da empreiteira.
Os documentos foram apreendidos por equipes da PF em dois endereços ligados a Benedicto Barbosa Jr. no Rio de Janeiro, nos bairros do Leblon e de Copacabana. Além das tabelas, há dezenas de bilhetes manuscritos, comprovantes bancários e textos impressos. Alguns dos bilhetes fazem menção a obras públicas, como a Linha 3 do Metrô do Rio.
Um dos textos refere-se, de forma cifrada, às regras internas de funcionamento do cartel de empreiteiras da Lava Jato. O grupo é chamado de “Sport Club Unidos Venceremos”.
O juiz federal Sergio Moro liberou na terça-feira o acesso ao material apreendido com outros alvos da Acarajé. São públicos os documentos apreendidos com Mônica Moura, mulher do publicitário João Santana, e com o doleiro Zwi Skornicki, entre outros.
Entre os citados nas planilhas está o ex-governador Tarso Genro (PT), que garantiu que as contribuições que recebeu foram legais:
— Todas as contribuições dadas às campanhas que concorri foram legais, declaradas, e as contas aprovadas pelo TRE. Sem exceção. Está sendo feita de forma deliberada, a confusão, para minimizar a evidência de contribuições ilegais a políticos, vestais do “impeachment”.
Tarso reiterou que suas contas foram aprovadas sem “caixa 2,e sem qualquer relação clandestina com qualquer pessoa física e jurídica”, e pediu a mudança nas regras de financiamento de campanhas eleitorais:
— Vamos votar imediatamente a proibição de contribuição empresarial aos partidos e às campanhas! Aí os verdadeiros achacadores não querem — escreveu. OS POLÍTICOS DO RS
Ao divulgar os documentos, o blog também apresentou um índice de políticos — a grafia, muitas vezes errada, é a mesma usada nas planilhas. Nesta lista, constam os seguintes gaúchos:
Adão Villaverde Maria do Rosário Helen Cabral Tarcila Crussius Wandert Dilorenzo Nelson Marquezan Carlos Todeschini Tarcísio Zimmermann Ronaldo Zülke Gilmar Rinaldi Jairo Jorge Marco Maia Fernando Marroni Marcos Daneluz Pablo Mendes Ribeiro Mauro Zaquia Marco Alba Renato Moling Ana Amélia Lemos João Carlos Nedel Kevin Krieger Afonso Hamm Mano Changis Frederico Antunes Fischinha Dep. Jose Otavio Germano Otomar Vivian Beto Albuquerque Heitor Schulk Manuela D’Ávila José Fortunati João Bosco Vaz Toni Proença Jussara Cony Paulo Azeredo Marcelo Esvim Gilmar Sossela Nelson Marchezan Junior Osmar Gasparini Terra Tarso Genro