Uma geração com gosto pela agricultura marcou presença, acompanhada de pais e avós, no Fórum Jovem Cooperativista, na manhã de sexta-feira (11), no Auditório Central da Expodireto Cotrijal.
No encontro, que reuniu gerações de todas as idades, o consultor da Safras & Cifras, Bernardo de Lima Kieffer, apresentou uma série de questões voltadas à sucessão familiar nas empresas rurais.De acordo com o palestrante, em torno de 99% dos empreendimentos rurais são familiares, o que, ao contrário do que se imagina, não necessariamente facilita a entrada do jovem produtor. “Há vários entraves que dificultam a entrada destes jovens na empresa familiar. É importante debater a questão apresentando soluções para o futuro deles como empreendedores. A sucessão familiar ainda é um tabu, especialmente para os pais, já que, para eles, é um termo associado à morte. É preciso esclarecer que este processo não se resume a apenas passar o patrimônio de uma geração para outra”, explicou.Ainda segundo Kieffer, atualmente, a sucessão dentro da empresa rural aborda um processo de reorganização das relações da família e também da sociedade. “Procuramos preservar o patrimônio, manter a unidade do negócio. Hoje em dia, a escala de produção é um fator importantíssimo para o processo de uma propriedade rural. A ideia é fazer com que a passagem do bastão para as gerações mais novas seja o mais tranquila possível”, afirmou.O palestrante também ressaltou a dificuldade do jovem em entrar na empresa, que em geral sofre poucas alterações desde o início da operação. Conforme dados da Emater, cerca de 23% das empresas rurais do Rio Grande do Sul não possuem sucessores, levando os jovens a deixarem o campo e buscando trabalho em outros setores da economia. “Não podemos apenas dizer que os jovens deixam o campo em função dos atrativos que a cidade oferece. Não é só isso. Às vezes, o pai é muito autoritário, o filho sai da faculdade com novas ideias, ou até mesmo adquiridas durante imersão em outra empresa que não a da família e não lhe é permitido aplicar este conhecimento na propriedade da própria família. É fundamental que os jovens estejam preparados para isto”, finalizou.Com o papel de facilitar processoA Cotrijal desenvolve uma série de ações para facilitar o processo de sucessão junto às famílias atendidas pela cooperativa. Uma prova disso é o fórum, que já está na sua 5ª edição. Atendendo um pedido dos próprios jovens, o evento deste ano chamou familiares para discutir tema. “É essa união entre pais e filhos que garantem uma sucessão de sucesso e abrem novas oportunidades no campo”, destacou o presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, na abertura do evento.