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Lasier é eleito para o Senado

Jornalista é o primeiro senador gaúcho a ser eleito pelo PDT
O jornalista que influenciou a opinião dos gaúchos por meio século, primeiro na antiga Caldas Júnior, depois como âncora de TV na RBS, é o novo senador pelo Rio Grande do Sul. Aos 72 anos, Lasier Costa Martins vence o maior adversário, Olívio Dutra, numa disputa equilibrada desde o início. O jornalista teve 37,46% dos votos até as 20h15min, enquanto o petista conquistou 35,28%. Nascido em General Câmara, estreante na política, Lasier é o primeiro senador gaúcho a ser eleito pelo PDT nos 35 anos de existência do partido criado por Leonel Brizola (a ex-senadora Emília Fernandes era do PTB, depois virou pedetista). Sem cor partidária declarada enquanto foi jornalista, optou pelo PDT em homenagem ao pai, o mecânico de locomotivas Antônio Pereira Martins, trabalhista de quatro costados, eleitor de Getúlio Vargas, João Goulart e Brizola. Também advogado, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Lasier foi incansável no corpo a corpo junto aos eleitores. Para um noviço, surpreendeu pela desenvoltura. No dia 30, percorreu a Rua Voluntários da Pátria, na Capital, em busca de votos.
— Já tem candidato para o Senado? — abordava.
Se o pedestre hesitasse, diante da aparição repentina do personagem que só via pela telinha da TV, Lasier estendia uma colinha e pedia, já recitando o seu número de candidato.
— Se não tiver, é 1, 2, 3. De calça jeans e camisa social, não dispensou os sapatos para manter a elegância. Para não maltratar os pés nas caminhadas, adotou a tática de usar um número maior _ do 40 para o 41. Também não se acanhou em beijar potenciais eleitoras, se percebesse que estavam receptivas ao gesto. E, nas despedidas, se recebia desejos de boa sorte, logo emendava:
— Boa sorte e votos! Sobre quem vai apoiar na corrida ao Piratini para o segundo turno, o senador eleito afirmou que a questão, no momento, é secundária:
— O mais importante é que o PDT seja altivo, ético e independente. Visibilidade e renovação Um conjunto de fatores o conduziu ao Senado. Apesar de não ser jovem, foi a expectativa de renovação por não ser político de carreira. Era o novo diante dos experientes Olívio e Simon, de relevantes serviços, mas que pagaram o preço de um certo desgaste perante os eleitores.
A visibilidade obtida em 52 anos, como radialista e apresentador de TV, foi decisiva. Nas excursões por 90 municípios, encontrou ouvintes que lhe recordaram desde a época em que fora repórter esportivo, de correr atrás de craques para as entrevistas nos finais de jogos. Em 1969, no Maracanã, ficou célebre pela “gravata” que aplicou em Pelé, com o braço, para ouvi-lo depois de marcar o milésimo gol e discursar em favor das crianças pobres. Durante as viagens, ao chegar a restaurantes de beira de estrada para um lanche, sacou em vão a carteira no momento de pagar a conta.
— O senhor aqui não paga — disse-lhe um comerciante, orgulhoso com o freguês ocasional.
Dinheiro, aliás, foi um obstáculo a ser transposto. Lasier assustou-se com os custos da campanha. Um marqueteiro pediu-lhe R$ 1 milhão — depois baixou para R$ 700 mil. Ainda impressionado, contratou outro, por R$ 200 mil. O escolhido, o professor universitário André Arnt, disse que o pedetista facilitou a elaboração dos programas de rádio e TV.
— Discutia palavra por palavra. Deu a roupagem dele — contou Arnt.
Um dos assuntos preferidos era falar sobre Alberto Pasqualini, ideólogo do trabalhismo e ex-senador pelo antigo PTB, de cujo ninho nasceu o PDT. O desafio, agora, é seguir os exemplos de Pasqualini.
 

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